Suporte tecnológico e auxílio na inspeção como ferramenta para realização do trabalho do Auditor Fiscal foram debatidos durante o painel “Inteligência Artificial e Plataformas Digitais: atuação da Fiscalização do Trabalho” pelos painelistas e Auditores Fiscais do Trabalho Jefferson de Morais Toledo (PB), Sandra Morais de Brito Costa (SP) e Leonardo Decuzzi (ES). As exposições, mediadas pelo diretor do SINAIT José Antônio Fontoura, fizeram parte da programação técnica do 40º Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (ENAFIT), que ocorreram nesta terça-feira, 19 de novembro, no auditório, do Hotel Ritz Lagoa da Anta, em Maceió (AL).
De acordo com o Jefferson Toledo, que possui doutorado em física (UFPB), é mestrando em tecnologia da informação (IFPB) e pesquisa o uso de inteligência artificial no setor público - pensar e demostrar as novas tecnologias e sua utilização para a Inspeção do Trabalho é algo inovador.
O desafio, analisa Toledo, é “como a inspeção do trabalho pode se apropriar das novas tecnologias para fiscalizar e potencializar os resultados”.
Explicou ainda que a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) já implementou algumas ferramentas utilizando a inteligência artificial. “Podemos usar a Inteligência artificial na edição de acidentes de trabalho, entre outras formas de produção, e a ideia é expandir com outras iniciativas a fim de auxiliar na construção de textos, análises de autos de infração, sempre buscando contribuir com o trabalho dos Auditores Fiscais”.
Para Leonardo Decuzzi, mestre em direito pela UFRJ, cujo tema de pesquisa foi a regulação das plataformas digitais, que atuam no setor de entregas, pela Inspeção do Trabalho no Brasil e na Espanha. Para ele, o tema de plataformas digitais fez com que as pessoas olhassem para o mundo de uma forma diferente. “A utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), da inteligência artificial e da geolocalização alterou profundamente o modo como uma significativa parcela da população passou a se comunicar, a consumir e a trabalhar”.
O uso da inteligência artificial e o trabalho por meio de plataformas digitais se propagou, segundo ele, e abarca variadas atividades e ocupações e, potencialmente, poderá alcançar todas as atividades econômicas tradicionalmente desenvolvidas.
Além disso, Decuzzi abordou o tema sob dois enfoques: no primeiro, a utilização de ferramentas de inteligência artificial no planejamento, na execução e no aprimoramento de atividades de Inspeção. No segundo, em relação à fiscalização de atividades econômicas onde o uso da inteligência artificial é central na coleta de dados e na gestão, direção e controle de atividades laborais por meio de aplicações digitais, muitas vezes substituindo chefes, gerentes e supervisores, como é recorrente nas empresas que utilizam plataformas digitais de trabalho como modelo de negócios.
Sandra Costa, que está tralhando na tese de doutorado “os impactos da indústria 4.0 nas relações de trabalho” - e mandou sua participação em vídeo - analisa que o trabalho nas plataformas digitais traz um trabalhador 4.0 diferenciado. “É um trabalhador com um idioma de alteridade”. O termo alteridade significa a qualidade ou estado do que é outro, com a capacidade de perceber a si mesmo ou o outro, não como o padrão.
Argumentou que a regulamentação da inteligência artificial é urgente e necessária pelo fato da sociedade e o mercado de trabalho não saberem usar a plataforma com o devido discernimento. Exemplificou que, foi divulgado na imprensa um caso em que uma empresa tecnológica despediu 30% de seus empregados porque a inteligência artificial apontou todos como improdutivos. “Por essas notícias, é urgente se regulamentar a inteligência artificial nas relações laborais”.
A apresentação na integra da Sandra Costa está disponível aqui.