No 40º Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho - ENAFIT foi lançado o Dossiê Trabalho Escravo e Migração Internacional (ENP) como parte da programação técnica do dia 19 de novembro. O documento traz informações inéditas sobre os perfis de trabalhadores não-brasileiros resgatados de condições análogas às de escravo no país.
A coordenadora da equipe “Escravo, nem pensar!” da ONG Repórter Brasil, Natália Suzuki, apresentou os dados coletados que mostram a realidade desses trabalhadores entre os anos de 2010 e 2023, em painel mediado pela Auditora Fiscal do Trabalho Lívia Ferreira.
Segundo Natália, não havia informações que pudessem gerar insumos que possibilitassem pensar políticas específicas para esse público. As informações foram coletadas do Radar SIT – painel virtual de informações e estatísticas da Secretaria de Inspeção do Trabalho sobre trabalho escravo; do banco de dados gerado pelo cadastro das guias de Seguro-Desemprego Trabalhador Resgatado e os relatórios de fiscalização de operações de combate ao trabalho escravo.
“Tínhamos dados que estavam em três bancos diferentes que não se cruzavam. Então, foi necessário um esforço para reunir todas as informações a partir do cruzamento dos bancos, o que levou dois anos para ser concluído”.
A publicação traz os principais países de origem dessas pessoas, o gênero, raça, faixa etária e escolaridade. Também identifica os setores produtivos que se beneficiam do uso de mão de obra escravizada e os locais do país em que a prática é mais frequente.
De acordo com a palestrante, o levantamento soluciona a inexistência de informações disponíveis a respeito de migrantes internacionais resgatados no Brasil. “Além dos resultados quantitativos da pesquisa, a publicação traz análises de representantes de instituições do Estado e da sociedade civil sobre os temas do trabalho escravo e tráfico de pessoas”, acrescentou.
Confira aqui o Dossiê.