Trabalho - Governo quer reduzir parcela do patrão


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
08/04/2009



8-4-2009 – SINAIT


 


Em tempos de crise, com a alegação de que é preciso frear a onda de demissões, governo volta a discutir a desoneração da folha de pagamento. Este é o sonho do patronato, mas pode ser o pesadelo dos trabalhadores.


Entre as medidas que serão discutidas com as centrais sindicais está a redução do percentual pago ao FGTS. Isso atinge diretamente o patrimônio dos trabalhadores, um dinheiro que é utilizado em obras de infraestrutura, saneamento e habitação, que geram empregos diretos e indiretos. O FGTS também é uma garantia do trabalhador em momentos de dificuldades como o desemprego, situações de doença e aquisição de imóveis.


 


Veja notícia relativa ao assunto e outra sobre os salários no Brasil:


 


 


8-4-2009 – Folha de São Paulo


Governo quer desonerar folha de pagamento


Em troca da redução de tributos, as empresas que aderissem à proposta teriam que garantir a manutenção de vagas. Lula discute medidas com sindicalistas, que seriam "fiscais" do programa; corte de jornada sem redução no salário também é estudado
KENNEDY ALENCAR / LEANDRA PERES - DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


 


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute hoje com representantes das centrais sindicais proposta para reduzir encargos trabalhistas para empresários que aceitem não demitir na crise, incluindo o recolhimento menor do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos trabalhadores.
A Folha apurou que os sindicalistas devem receber o esboço da MP por meio da qual o governo propõe também que as empresas reduzam em até 20% a jornada de trabalho sem cortar salários. Para compensar a empresa, o governo aceita diminuir de cerca de 30% para algo em torno de 19% o recolhimento de parte dos tributos cobrados sobre a folha salarial.
O corte proposto é de 40% sobre a contribuição patronal ao INSS (20% sobre a folha), a contribuição para o Sistema S (3,1%) e o recolhimento mensal ao FGTS (8%).
A adesão ao programa será opcional. A medida, que deverá ser temporária, é justificada pelo governo como uma forma de incentivar acordos de redução de jornada sem cortes de salários e evitar mais demissões. A suspensão dos cortes, porém, não valerá para trabalhadores temporários e programas de demissão voluntária.
Desde novembro, quando a crise se agravou, já foram fechados 798 mil vagas, segundo o Ministério do Trabalho. A piora na economia também custou pontos na popularidade de Lula. A mais recente pesquisa Datafolha mostrou queda de cinco pontos percentuais, para 65% de aprovação.
O outro argumento do governo é que a proposta não traria perdas à União. O gasto com a queda na arrecadação da Previdência seria mais que compensado, segundo as projeções feitas, pela economia com o seguro-desemprego. A lógica é que, se o trabalhador for demitido, o governo terá que gastar com o seguro-desemprego por até sete meses no caso de quem estava empregado em setores mais afetados pela crise.
Em vez dessa despesa, as empresas pagariam menos imposto. Uma dúvida é se os trabalhadores teriam de abrir mão de parte de seu FGTS em troca de emprego e salário, pelo menos enquanto durar o acordo.
O governo conta com os sindicatos para evitar fraudes ou demissões desnecessárias. Como a negociação teria que passar pelo crivo de cada categoria, há o entendimento de que isso funcionaria como fiscalização.
Além da contribuição para a Previdência, o Sistema S e o FGTS, a empresas no Brasil arcam, na folha de pagamento, com 2,5% do salário-educação, 0,5% do seguro de acidentes de trabalho e 0,2% a entidades como o Incra. Incluído o recolhimento ao FGTS, os gastos das empresas com a folha de pagamento chegam a 34,3% além do salário pago ao empregado.
A contribuição ao INSS põe o Brasil entre os países que têm a tributação mais elevada sobre os salários, e a desoneração da folha é reivindicação histórica dos empresários. No México, por exemplo, o empregador recolhe 10,6% em contribuições sociais. O Brasil se compara a países como Suécia (24,5%), Espanha (23,2%) e Itália (24,3%).
Propostas para diminuir essa carga não são novas. O governo já discutiu o assunto várias vezes. O projeto, hoje abandonado, de reforma tributária previa redução da contribuição patronal. O compromisso do governo era de queda escalonada de 20% a 14%. A dificuldade, no entanto, sempre foi o custo fiscal da medida. Para cada ponto percentual de redução no pagamento do INSS, o governo deixaria de arrecadar R$ 3 bilhões.

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