Chacina de Unaí: Revoada de balões pretos marca protesto


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
28/01/2009



Revoada de balões pretos, faixas de protesto e carro de som foram utilizados na manhã desta quarta-feira 28 com o objetivo de chamar a atenção das autoridades para a punição dos envolvidos na Chacina de Unaí, ocorrida há cinco anos. O crime tirou a vida dos AFTs Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e do motorista Ailton Pereira de Oliveira, todos servidores do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, quando fiscalizavam condições de trabalho degradante na área rural de Unaí.


A manifestação promovida pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho – SINAIT e pela Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais – AAFIT/MG começou em frente ao Supremo Tribunal Federal – STF e terminou com uma passeata até o Ministério da Justiça. Contou com a participação de AFTS do Distrito Federal, de Minas Gerais, Goiás e de vários estados, das viúvas dos AFTS mortos na chacina, além de representantes da Central Única dos Trabalhadores – CUT e de diversas entidades sindicais.


Passados cinco anos, os nove acusados de envolvimento, em vários graus, nesta trama ainda não foram a julgamento como determinou o Tribunal Regional Federal de Brasília. A defesa dos réus utiliza-se de todas as brechas legais para impetrar recursos que adiam a volta do processo a Minas Gerais para que o julgamento seja marcado e, enfim, os responsáveis sejam punidos.


José Augusto de Paula Freitas, presidente da AAFIT/MG, comenta que “qualquer tempo é muito longo quando se espera que a Justiça seja feita. Cinco anos é tempo demais para as famílias, para os colegas Auditores Fiscais do Trabalho e para o Estado que foi duramente atingido com o crime”. Ele afirma que ainda confia na Justiça, mas a indignação com a demora toma conta de todos.


Em uma demonstração de solidariedade, flores brancas foram distribuídas pelas viúvas dos AFTS no fim da manifestação.


Audiência – Hoje à tarde, integrantes da diretoria do SINAIT e as viúvas dos AFTS serão recebidos pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. Eles vão pedir ao ministro, enquanto autoridade máxima do judiciário, atenção especial para o caso.


Dia do AFT – Hoje pela primeira vez a categoria comemora o Dia Nacional do Auditor Fiscal do Trabalho. A Lei Nº 11.905, de 20 de janeiro que cria o dia do AFT, entrou em vigor no dia 21 de janeiro de 2009. A data é justamente para homenagear os colegas mortos.


De acordo com a presidente do SINAIT, Rosa Jorge, “a sanção da Lei Nº 11.905 veio em um momento mais que apropriado e reforça a luta da categoria pela punição dos envolvidos neste crime que hoje completa cinco anos”.


Culto Ecumênico - Em Belém será realizado, também nesta quarta-feira 28, Culto Ecumênico às 16h30 na Capela da Universidade Federal do Pará - UFPA, como parte da programação do Fórum Social Mundial que acontece de 27-1 a 1º-2.


Acusados:


Antério Mânica - Considerado o maior produtor de feijão do País, tem propriedades rurais no Paraná e Unaí (MG) e era alvo freqüente de fiscalizações, a maioria delas realizadas pelo Auditor Fiscal do Trabalho Nelson José da Silva, lotado na subdelegacia de Paracatu. Em novembro de 2003, ameaçou o Auditor de morte durante uma das inspeções, conforme ele mesmo confessou em depoimento à Polícia Federal. (está em liberdade, tem direito a julgamento em foro especial, porque foi eleito prefeito de Unaí em 2004 e reeleito em 2008)


 


Norberto MânicaFazendeiro, irmão de Antério Mânica, também sofria fiscalizações freqüentes em suas fazendas. É considerado mandante, junto com o irmão (está em liberdade desde 28 de novembro/2006, por força de habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ)


 


Hugo Alves Pimenta - Empresário cerealista, é acusado de ser o mandante das execuções dos Auditores e do motorista. É proprietário das empresas Huma Transportes, com sede em Unaí, e Huma Cereais Ltda, que tem filial também em Taguatinga, cidade-satélite do Distrito Federal. Tem como sócia Marta de Fátima Santos e mantém relações comerciais com vários fazendeiros da região. Deve R$ 2 milhões aos fazendeiros e irmãos Celso e Norberto Mânica, alvos das fiscalizações dos Auditores. Ele teria pago R$ 45 mil pelas quatro mortes. Pimenta se recusou a prestar depoimento à Polícia Federal e disse que fala em juízo. Chegou a ser libertado mas foi novamente preso em 9 de junho de 2006, quando foi descoberto um esquema de compra do silêncio de testemunhas. (está em liberdade por força de habeas corpus).


 


José Alberto Costa - Conhecido como Zezinho, é empresário, dono da Lucky - Flocos de Cereais, com sede em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Representante da empresa Huma na capital mineira, é suspeito de ter intermediado a contratação dos pistoleiros, a pedido do amigo Hugo Pimenta. Para isso, fez contato com o sitiante Francisco Elder Pinheiro, que arregimentou o grupo. (está em liberdade desde dezembro 2004, beneficiado por habeas corpus do TRF 1ª Região)


 


Francisco Elder Pinheiro - Conhecido como Chico Pinheiro, é apontado como o homem que se encarregou de montar toda a estrutura para a chacina e também acompanhou a execução do plano pessoalmente. Confessa que respondeu por três homicídios e que foi ele quem contratou os três homens para executar os auditores, encarregando-se também de receber o dinheiro das mãos de Zezinho e de fazer a divisão entre os participantes do crime. (está preso)


 


Erinaldo de Vasconcelos Silva - É suspeito de ter executado, com sua pistola 380, três das quatro vítimas. Integrante de uma quadrilha de roubo de carga e de veículos que atua na região de Goiás e Noroeste de Minas, agia ao lado de Rogério Alan Rocha Rios, chamado por ele para matar os auditores. Ele confessa que foi procurado por Chico Pinheiro,  aceitou o trabalho sujo e acertou com ele o pagamento. Por ter executado mais pessoas, recebeu R$ 17 mil, além de R$ 6 mil, a título de adiantamento. (está preso)


 


Rogério Alan Rocha Rios - É suspeito de ter participado diretamente das execuções. Armado de um revólver calibre 38, deu vários tiros no auditor fiscal Nelson José da Silva, o verdadeiro alvo dos mandantes do crime, conforme sua confissão. Encarregou-se ainda de roubar os celulares das vítimas, que depois foram atirados em um riacho. Depois do crime, fugiu para seu estado natal, a Bahia, onde responde a processos. Diz ter recebido R$ 6 mil para participar do crime. (está preso)


 


William Gomes de Miranda - Foi contratado para atuar como motorista dos pistoleiros durante a chacina. Sua função era fazer o levantamento dos passos dos fiscais depois que eles deixassem o hotel em que se hospedavam. No entanto, não participou diretamente do crime, porque o carro alugado que conduzia, um Gol vermelho, furou um pneu. Por sua participação, confessa ter recebido R$ 11 mil. (está preso)


 


Humberto Ribeiro dos Santos - O “Beto” é apontado como o homem que teria se encarregado de apagar uma das provas do crime. Depois das mortes, foi contratado por Erinaldo para arrancar a folha do livro de registros do Hotel Athos, em Unaí, onde os pistoleiros ficaram hospedados. Rogério Alan foi quem se lembrou de ter fornecido seus dados verdadeiros ao fazer registro no local. Ele estava preso em Formosa (GO) por outro crime. Beto não estabeleceu preço pelo serviço. (está preso)


 


 


 

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