A transformação digital, que leva às transformações no mundo do trabalho, também foi tratada no encontro
Por Lourdes Marinho
Edição: Nilza Murari
O futuro da Inspeção do Trabalho no Brasil, diante das mudanças ininterruptas no mundo do Trabalho, foi debatido por integrantes do Grupo de Trabalho da Reforma Trabalhista – GTRT do SINAIT e pesquisadores do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho – Cesit, da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, nestas terça e quarta-feiras, 21 e 22 de janeiro. O encontro ocorreu na sede do SINAIT, em Brasília.
Preocupados com os impactos que as mudanças tecnológicas promovem na vida dos trabalhadores, especialmente a redução de postos de trabalho e a forma de fiscalizar, o SINAIT atua para que nem a categoria nem os trabalhadores sejam prejudicados.
Com esta finalidade, o SINAIT fará um estudo sobre o papel da Inspeção do Trabalho e o futuro do trabalho neste universo de constantes mudanças, além de fazer um diagnóstico da carreira.
Durante dois dias, o GTRT discutiu o formato do estudo, que desenvolverá pesquisas e diagnósticos sobre os Auditores-Fiscais do Trabalho e a carreira da Auditoria-Fiscal do Trabalho. Além das estratégias que serão utilizadas para dar visibilidade ao papel da Inspeção.
Entre as metodologias a serem usadas estão uma pesquisa de campo, em que os Auditores-Fiscais do Trabalho serão ouvidos. Já entre as estratégias de divulgação dos resultados do estudo – para dar visibilidade à categoria e ao papel que os Auditores-Fiscais desempenham – está trazer as bases para a discussão.
Inspeção do Trabalho na nova configuração ministerial
Durante a reunião, Carlos Silva informou que o SINAIT lançará, na próxima semana, uma “Análise da Inspeção do Trabalho na nova configuração ministerial promovida pela Medida Provisória 870/2019”. O estudo foi feito pelo consultor do SINAIT Luís Alberto dos Santos, que estará no lançamento.
Transformação digital e Indústria 4.0
Na manhã desta quarta-feira, 22, a consultora de Tecnologia da Informação do SINAIT, Fabrícia Barbosa, falou aos integrantes do GTRT sobre a transformação digital que leva às transformações no mundo do trabalho, especialmente sobre a Indústria 4.0.
Disse que as mudanças tecnológicas ditam as mudanças no mundo do trabalho. “Tudo o que você faz vira dígito dentro do computador. Os lugares que se vai, os filmes a que assiste, os produtos que consumimos, entre outras atividades, tudo é mapeado. A inteligência artificial, ao saber seus gostos e suas preferências, oferece os serviços para você”, explicou. Ou seja, as transformações digitais promoveram a Indústria 4.0 e as plataformas digitais. São essas plataformas que dão acesso aos produtos oferecidos por essa indústria.
Segundo Fabrícia, os impactos da transformação digital obrigam os trabalhadores a deixarem de ser braçais para se tornarem mais tecnológicos, fazendo com que o trabalhador do chão de fábrica seja substituído pelo que fica atrás nos computadores. “Tem-se um chão de fábrica sem ter ninguém”, avaliou.
“Não estamos vivendo uma era de mudanças, mas, sim, uma mudança de eras, em que os velhos mapas já não nos servem mais e os novos mapas ainda não ficaram prontos”, avaliou a consultora.
Para os integrantes do GTRT a experiência de campo da fiscalização revela que maioria dos trabalhadores brasileiros não acompanha essa evolução tecnológica, que o trabalho é braçal mesmo. Daí a necessidade da atualização e atuação da fiscalização para proteger esses trabalhadores.
A consultora de Tecnologia da Informação do SINAIT ainda falou sobre o BIG Data, utilizado pela indústria 4.0 para otimizar seus serviços e sua produção, robótica e automação, usado em várias áreas, a exemplo da saúde/medicina e indústrias de fabricação de veículos, entre outras.