Lançada a música ‘Sementes’, que alerta para o aumento do trabalho infantil, principalmente na pandemia


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
09/06/2020



A Associação Juízes para a Democracia também lançou na segunda-feira (8) uma campanha permanente contra o trabalho infantil, que chama atenção para retirar as crianças do tráfico de drogas. As duas iniciativas integram as ações da campanha de 2020 do Dia Mundial e Nacional contra o Trabalho Infantil

 

Por Lourdes Marinho

Edição: Nilza Murari

 

Foi lançada nesta terça-feira, 9 de junho, a música “Sementes”, de Emicida e Drik Barbosa, pelo canal do YouTube de Emicida.  A iniciativa integra as ações da campanha de 2020 do Dia Mundial e Nacional contra o Trabalho Infantil, celebrado em 12 de junho. A canção, assim como a campanha, alertam para o risco de crescimento da exploração do trabalho infantil diante dos impactos da pandemia do novo coronavírus. A letra da canção é de Emicida e Drik Barbosa e a melodia é de Nave e Thiago Jamelão.

 

Com o tema “Covid-19: agora mais do que nunca, protejam crianças e adolescentes do trabalho infantil”, a campanha da Rede Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, que a Auditoria-Fiscal do Trabalho e o SINAIT integram, é coordenada pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil – FNPETI.

 

Por meio de nota divulgada por sua assessoria, o rapper explicou a ideia da faixa: “Eu passei as últimas semanas pensando na música ‘Sementes’ com a Drik Barbosa. A gente ficou imerso em um monte de dados a respeito do trabalho infantil e de como a situação da pandemia empurra uma série de famílias para as margens da sociedade. Pressionadas, essas famílias têm que colocar as crianças numa situação desumana. Mais uma vez, os abismos sociais, que a gente produz desde antes da pandemia, vão se mostrando muito mais mortais do que a pandemia em si. Quando analisamos a Covid-19, você vê que se trata de um vírus que, de fato, tem uma letalidade baixa. Os nossos abismos sociais, sim, são mortíferos. O caso dos EUA, a tragédia do menino João Pedro, a do outro menino João Vitor, a do menino David Nascimento… Os dois últimos, inclusive, mortos pelo Estado brasileiro depois do caso do João Pedro, que é uma morte extremamente recente… Não podemos nos esquecer do músico que levou os 80 tiros do exército e nem da menina Ágatha Felix. É por essas pessoas que a gente adere ao movimento de parar o show business nesse momento”.

 

Veja aqui publicação da RollingStone sobre o lançamento.

 

Mais lançamentos

A Associação Juízes para a Democracia – AJD também lançou na segunda-feira 8 de junho, por suas redes sociais, uma campanha permanente contra o trabalho infantil, principalmente para tirar as crianças do tráfico de drogas. A iniciativa também integra as ações de promoção do Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil. A Campanha é “contra o perverso trabalho imposto às nossas crianças em favor do narcotráfico, que as impede de viver a infância com um mínimo de qualidade e as coloca na linha de tiro do Estado repressor”, afirma a juíza do Trabalho e presidente da AJD, Valdete Souto Severo.

 

Confira aqui a entrevista da juíza o ao Portal CTB.

 

Confira também, a seguir, a letra da canção Sementes.

 

Se tem muita pressão

Não desenvolve a semente

É a mesma coisa com a gente

Que é pra ser gentil

Como flor é pra florir

Mas sem água, sol e tempo

Que botão vai se abrir?

É muito triste, muito cedo

É muito covarde

Cortar infâncias pela metade

Pra ser um adulto,

sem tumulto não existe atalho

Em resumo

Crianças não têm trabalho, não, não, não,

Não ao trabalho infantil

 

Desde cedo, 9 anos,

era um pingo de gente

Empurrado a fórceps, pro batente

O bíceps dormente, a mão cheia de calo

Treme, não aguenta um lápis,

no fundão de São Paulo (puts)

Se a alma rebelde se quer domesticar

Menina preta perde infância, vira doméstica

Amontoados ao relento, sem poder se esticar

Um baobá vira um bonsai, é só assim pra explicar

Que o nosso povo nas periferia

Precisa encher suas panela vazia

Dignidade é dignidade, não se negocia

Por que essa troca leva infância, devolve apatia

E é pior na pandemia Sobra ferida na alma

Uma coleção de trauma Fora a parte física

E nóiz já tá na parte crítica

Pra que o nosso futuro não chore

A urgência é: precisamos ser melhores, viu?

 

Se tem muita pressão

Não desenvolve a semente

É a mesma coisa com a gente

Que é pra ser gentil

Como flor é pra florir

Mas sem água, sol e tempo

Que botão vai se abrir?

É muito triste, muito cedo

É muito covarde

Cortar infâncias pela metade

Pra ser um adulto,

sem tumulto não existe atalho

Em resumo

Crianças não têm trabalho, não, não, não,

Não ao trabalho infantil

 

Com 8 ela limpa casa de família,

em troca de comida

Mas só queria brincar de adoleta

Sua vontade esconde-esconde

Já que a sociedade pega-pega sua liberdade

E transforma em tristeza

Repetiu na escola por falta, ele quer ir mas não pode

Desigualdade é presente e tira seus direitos

Sem escolha: trabalha ou rouba pra viver

Sistema algoz, que o arrancou da escola

E colocou pra vender bala nos faróis

Em maioria, jovens pretos de periferia

Que tem direito a vida plena

Mas só conhece o que vivencia:

Insegurança, violência e medo

Trabalho infantil é um crime e tem cor e endereço

Prioridade nossa é assegurar que cresçam e floresçam

Alimentar a potência delas

A liberdade delas não tem preço

Merecem o mundo como um jardim e não como uma cela

 

Se tem muita pressão

Não desenvolve a semente

É a mesma coisa com a gente

Que é pra ser gentil

Como flor é pra florir

Mas sem água, sol e tempo

Que botão vai se abrir?

É muito triste, muito cedo

É muito covarde

Cortar infâncias pela metade

Pra ser um adulto,

sem tumulto não existe atalho

Em resumo

Crianças não têm trabalho, não, não, não,

Não ao trabalho infantil​

Categorias


Versão para impressão




Assine nossa lista de transmissão para receber notícias de interesse da categoria.