Dados estatísticos e de pesquisa mostram que as mulheres perderam espaço para os homens até mesmo no mercado informal em razão da pandemia
Por Andrea Bochi, com informações do Dieese e do IBGE
Edição: Nilza Murari
Nesta Semana da Mulher, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístca – IBGE e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos – Dieese divulgam dados estatísticos que demonstram que as mulheres são as mais atingidas pela crise no mercado de trabalho durante a pandemia do novo coronavírus. A participação da mulher no mercado de trabalho no País caiu e é a menor em 30 anos.
Em 2020, eram 4,2 milhões de mulheres inseridas no mercado de trabalho e após a pandemia este número caiu para 3,5 milhões, com uma taxa de desocupação que passou de 13,9% para 16,8%, com o aumento do desemprego. Apesar de alarmante, este aumento na desocupação foi ainda superado pela taxa de desemprego das mulheres negras, que atingiu 19,8%.
As trabalhadoras domésticas também sentiram o forte efeito da pandemia em suas ocupações, uma vez que 1,6 milhões de mulheres perderam o trabalho. Destas, 400 mil tinham Carteira de Trabalho assinada e 1,2 milhões não tinham vínculo formal de trabalho.
Diante de todo esse cenário de desemprego e dificuldades em 2020, a informalidade que poderia ter sido a saída para muitas mães de família que buscavam o sustento trabalhando por conta própria, foi tomada pelos homens que também foram atingidos pelo desemprego e buscaram novas formas de obter renda. Em 2019, eram 13,5 milhões de mulheres trabalhando na informalidade contra 10,8 milhões em 2020.
Além disso, a crise sanitária, econômica e social ampliou a distância salarial entre homens e mulheres. Em 2020, elas seguiram ganhando menos. Mesmo com a mesma escolaridade, elas ganhavam em média R$ 3.910 e eles, R$ 4.910.
A diferença é ainda mais elevada em cargos de maior rendimento, como diretores e gerentes. Nesse grupo, as mulheres ganharam apenas 61,9% do rendimento dos homens, de acordo com o IBGE. A pesquisa, que analisa as condições de vida das brasileiras, aponta que a maior desigualdade salarial está na região Sudeste e que apenas 34,7% dos cargos gerenciais do País eram ocupados por mulheres.
Apesar da disparidade, mais mulheres tinham diploma da faculdade. Na faixa etária entre 25 e 34 anos, 25,1% das mulheres concluíram o nível superior, contra 18,3% dos homens, uma diferença de 6,8 pontos percentuais. Infelizmente, esta diferença não se refletiu nos salários.
A reivindicação de equiparação salarial entre homens e mulheres é uma das lutas de mulheres em vários países do mundo. Funções iguais, salários iguais, sem discriminação.