De personalidade forte, Fahid era resistente, polêmico e gentil. Como ativista político e líder sindical, defendeu o bom combate. O velório começou às 13h30 e o sepultamento será apenas para familiares, por conta das restrições da pandemia
Por Lourdes Marinho
Edição: Andréa Bochi
O SINAIT comunica, com muita tristeza e pesar, a morte do seu ex-presidente Fahid Tahan Sab, 85 anos, na madrugada deste sábado, 14 de agosto, em Belo Horizonte (MG).
O ilustre colega estava internado havia mais de uma semana em um hospital da capital mineira, onde vivia, depois de sofrer uma queda em sua residência, que o deixou inconsciente. Apesar das intervenções cirúrgicas para tratar o traumatismo craniano, ao longo do período de internação seu estado de saúde foi piorando.
O velório será das 13h30 às 15h30, no Velório Santa Casa, na Rua Domingos Vieira, nº 600, Belo Horizonte. O sepultamento está marcado para as 16 horas, mas somente para os familiares. Por conta das restrições da pandemia de Covid-19, o cemitério permite a participação de apenas dez pessoas.
Mineiro de Nanuque, Fahid vivia em Belo Horizonte. Ele deixa uma filha, Tatiana, e um neto.
Ativismo
De personalidade forte, Fahid era resistente, polêmico, muito gentil e sempre firme em suas convicções. Como ativista político e líder sindical, defendeu o bom combate.
Na luta sindical, esteve à frente da Fasibra no período de 1982 a 1983. Foi o primeiro presidente do SINAIT, de 1989 a 1991. Comandou o Sindicato Nacional pela segunda vez no biênio de 2003 a 2005.
Lutou, ao lado do colega Auditor-Fiscal do Trabalho José Antônio Pastoriza Fontoura, pela criação do Sindicato Nacional da categoria. Pelo fato de andarem sempre juntos, em busca de dar visibilidade à Auditoria-Fiscal do Trabalho, foram apelidados de Cosme e Damião.
Foi Fahid quem realizou o primeiro Encontro Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (Enait), em Belo Horizonte, em 1982, ainda na Fasibra. Ele era o presidente do SINAIT quando ocorreu a Chacina de Unaí, em 2004.
Por ocasião das celebrações dos 30 anos do SINAIT, em outubro de 2018, Fahid fez críticas à política econômica do governo. Naquela ocasião, ele disse aos colegas que, apesar da gravidade do momento, era preciso manter a esperança e a disposição para resistir.
“Nunca se deve dizer que está tudo perdido e felizmente, nesta hora, temos uma entidade bem estruturada, que trabalha para defender e deixar clara a nossa posição relevante na sociedade, que é a de proteção dos direitos dos trabalhadores.”
Como bom advogado, militou na defesa de presos políticos, de 1969 a 1976, por ocasião da ditatura militar, em auditorias militares de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Paraná, além do Superior Tribunal Militar. Sentia orgulho ao contar que foi detido pelo DOI-CODI por defender esses ativistas.
Em um período de repressão e autoritarismo, seu papel foi fundamental para aumentar a esperança da resistência. No livro “Coragem: A Advocacia Criminal nos Anos de Chumbo”, lançado pela Câmara dos Deputados em abril de 2014, em Brasília, Fahid foi um dos homenageados.
Em seu artigo “Advogados – mãos que descortinam a liberdade”, publicado no livro, ele conta dois dos casos de que participou na defesa de perseguidos políticos, sendo um deles seu irmão.
“Mesmo dentro de condições absolutamente adversas, de uma justiça que o poder autoritário pretendia manipular, foi possível buscar frestas e atalhos que levassem alguns raios de luz às trevas do autoritarismo e da brutalidade”, disse Fahid no artigo.
Dirigentes do SINAIT e amigos lamentam a morte de Fahid
“Recebemos, com muita tristeza, a notícia do falecimento do nosso querido amigo Fahid Tahan Sab. Ele foi um grande defensor da Inspeção do Trabalho e dos trabalhadores do País. Com sua inteligência e lucidez, foi uma voz atenta e diligente na defesa dos direitos sociais e da categoria. Que Deus traga conforto aos familiares e amigos do guerreiro Fahid”, disse o presidente do SINAIT, Bob Machado.
“Mesmo sabendo que a morte um dia chega, é muito triste a perda de um amigo. Fahid deixou um legado importante de luta em defesa da nossa categoria, mas acima de tudo era um defensor da democracia e da justiça social. Grande perda para todos nós!”, lamentou Rosa Maria Campos Jorge, diretora e ex-presidente do SINAIT.
“Fahid foi um grande líder e um ser humano de grandes qualidades. Sua partida representa uma enorme perda para todos nós Auditores-Fiscais do Trabalho e dirigentes do SINAIT. Nos honra a sua trajetória profissional, da qual destaco o fato de termos sido brilhantemente representados por ele, em todas as vezes, e o tempo em que emprestou sua notável inteligência e sagacidade à luta em defesa da Inspeção do Trabalho e dos trabalhadores do nosso País. Vai com Deus, amigo! Os vários capítulos que escreveste na história do SINAIT e da Auditoria-Fiscal do Trabalho continuarão inspirando nossas lutas. Obrigado!”, agradeceu o vice-presidente do SINAIT, Carlos Silva.
“Fahid foi um dos responsáveis pela credibilidade e visibilidade que o SINAIT conquistou junto ao Executivo e ao Parlamento nos anos 1980, abrindo portas para grandes conquistas de nossa carreira”, destacou Rosângela Rassy, diretora e ex-presidente do SINAIT.
“Nesse momento de infinita tristeza, o que posso dizer é que, sem o gigante Fahid, não teríamos construído vitórias e sucessos, nem escolhido os caminhos de lutas adequados. Só tenho agradecimentos a sua brava e magistral participação na nossa trajetória de lutas”, destacou o ex-presidente da Fasibra e Auditor-Fiscal do Trabalho aposentado Alceu Flores.
“Perdi um grande amigo, parceiro de tantas lutas e também de tantas conquistas. Um grande defensor da Inspeção do Trabalho e da categoria”, lamentou o ex-presidente do SINAIT e da Fasibra José Pastoriza Fontoura.
"Fahid sempre foi um apaixonado pelo SINAIT. Companheiro de tantas lutas, era defensor intransigente da Inspeção do Trabalho. Sempre solidário, foi mais que um amigo, um irmão. Deixa muita saudade", disse consternado o ex-presidente do SINAIT, Carlos Alberto Teixeira Nunes.
“Perdi mais que um amigo, perdi um irmão. Que Deus o receba em seus braços e que console sua família. Fahid, em genuflexão e com imensa dor, digo-lhe até logo. Valeu, e como valeu, meu irmão, a nossa união em nossas atividades e em nossas divagações sobre o mundo. O seu nome não se apagará jamais. Abraços na alma, meu eterno irmão”, agradeceu o amigo e Auditor-Fiscal do Trabalho aposentado Ítalo José Mannarino, do Rio de Janeiro (RJ).
“Fahid esteve conosco rezando pela nossa querida Nilza Murari, jornalista do SINAIT falecida em 23 de abril, em decorrência de complicações da Covid-19, durante todo o período em que ela esteve internada. Os dois nutriam uma relação de amizade, carinho e respeito. Suas partidas tão próximas não podem ser coincidência”, ressaltaram as jornalistas do SINAIT.
Os dirigentes e empregados do SINAIT se solidarizam com familiares e amigos do querido Fahid nesse momento de tristeza e dor.