RS: Seis vítimas são resgatadas da escravidão em setor de construção civil

Por Dâmares Vaz, com informações do Brasil de Fato RS
Edição: Andrea Bochi 

A Auditoria-Fiscal do Trabalho resgatou seis trabalhadores da construção civil em situação análoga à escravidão, no dia 9 de agosto em Guaíba, Região Metropolitana de Porto Alegre. As vítimas, provenientes dos estados da Bahia, de Minas Gerais, do Pará e do Rio Grande do Sul, foram encontradas em condições degradantes. O empreiteiro que cooptou o grupo foi preso em flagrante pela Polícia Civil de Guaíba, que recebeu a denúncia do caso no dia 8 e participou do resgate.

Os trabalhadores estavam alocados no bairro Ipê, em situação insalubre e com dificuldades de retornar para as suas cidades de origem. Ao grupo havia sido prometido o pagamento de R$ 3 por m2 de bloco construído, com carteira assinada, além de hospedagem e três refeições diárias por conta do empregador.

Ao averiguar a denúncia, a fiscalização encontrou alojamento com poucas camas, com colchões no chão, sem água quente no chuveiro. A comida era crua e estragada e não havia copos nem para beber algo – os trabalhadores tinham que usar garrafa pet cortada ao meio para essa finalidade.

De acordo com os agentes públicos, os trabalhadores estavam mal agasalhados e não receberam nenhum auxílio. O acordado inicialmente era que trabalhassem durante uma semana, por produção, mas ficaram 20 dias.

Quando o primeiro trabalhador resolveu cobrar os seus direitos, pedir o pagamento e tentar ir embora, foi coagido. Seis homens de uma empresa de segurança o abordaram de forma truculenta e expulsaram-no do alojamento. “Foi feito de modo que todos os outros entendessem que, quem reclamasse, teria o mesmo destino”, relataram os servidores.

De acordo com a fiscalização do trabalho, foram calculadas as verbas rescisórias dos resgatados, cujos valores serão depositados na conta dos trabalhadores, que estão de partida para as suas cidades de origem. As vítimas vão receber o seguro-desemprego especial do trabalhador resgatado e contam com o apoio da assistência social da Prefeitura de Guaíba.

Reincidente

A polícia descobriu que o empreiteiro, autuado em flagrante, é reincidente. Ele já havia se envolvido em outros dois casos semelhantes em São Paulo, estado sede da empresa Alice Construções. Os seguranças também foram identificados, assim como a pessoa responsável por fornecer a alimentação, e todos serão ouvidos no inquérito policial aberto pela Polícia Civil.