39º Enafit: Caminhada Contra a Escravidão em São Paulo destaca a necessidade de erradicar o trabalho escravo no Brasil


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
17/09/2023



Evento, que teve início no Parque Trianon e percorreu parte da Avenida Paulista, também foi momento de falar de justiça no caso da Chacina de Unaí, após as prisões de um mandante e um intermediário do crime, nos últimos dias.


Por Cláudia Machado
Edição: Andrea Bochi


Na movimentada Avenida Paulista, no coração de São Paulo, Auditores-Fiscais do Trabalho de todo o país reuniram-se na manhã deste domingo, 17 de setembro, para participar da Caminhada Contra a Escravidão. O evento, que integra a programação do 39º Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Enafit), trouxe à tona a importância crucial de combater e erradicar o trabalho escravo no Brasil.


Rosa Jorge, diretora do SINAIT, enfatizou a relevância da iniciativa ao afirmar que é muito importante para os Auditores-Fiscais do Trabalho mostrar para a sociedade o impacto que o trabalho escravo tem na vida das pessoas. “Nos Enafits, aproveitamos a reunião de colegas de todo o país para demonstrar para a sociedade a necessidade de identificar e punir os responsáveis por esse crime bárbaro. Nós combatemos o trabalho escravo e o trabalho infantil, duas chagas da nossa sociedade”.


A diretora, que acompanha o andamento do processo da Chacina de Unaí desde 2004, enfatizou a importância das prisões que ocorreram na última semana. “Em 2004, três Auditores Fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho foram emboscados e mortos com tiros na cabeça. Dezenove anos se passaram, e agora, dois dos quatro mandantes do crime, que já haviam sido condenados, finalmente foram presos, e estamos vendo a justiça ser feita".


Bob Machado, presidente do SINAIT, ressaltou que é preciso continuar a luta contra o trabalho escravo no Brasil. Ele observou que, apesar dos avanços significativos, ainda há um longo caminho a percorrer, especialmente para que outras autoridades reconheçam a necessidade da erradicação dessa prática. As prisões de Antério Mânica e José Alberto de Castro foram comemoradas pelo presidente do Sindicato. “Muito tempo se passou e a nossa luta foi árdua, mas enfim, podemos ter a tranquilidade de dizer que a justiça em nome dos colegas Eratóstenes, Nelson e João Batista e também do motorista Aílton, está acontecendo”. 


Machado ainda mencionou o afastamento de Humberto Monteiro Camasmie, coordenador de uma operação que resgatou a doméstica Sônia Maria de Jesus de condições análogas à escravidão e concluiu sua fala afirmando que "nada impedirá a inspeção do trabalho do Brasil de cumprir com a sua missão."


Ana Palmira Arruda, presidente da Delegacia Sindical do SINAIT em São Paulo, destacou a união da categoria na maior cidade do país na luta contra a escravidão. Ela salientou que os auditores fiscais do trabalho são os principais combatentes dessa chaga social e que é essencial que a sociedade compreenda a necessidade urgente de acabar com o trabalho escravo no país. “Fizemos a Caminhada Contra a Escravidão no centro nervoso e econômico de são Paulo. Fizemos isso para dar visibilidade ao nosso trabalho, uma vez que o combate ao trabalho escravo é uma das atividades essenciais da Auditoria Fiscal do Trabalho em defesa do trabalhador”.


Ana Palmira ressaltou que o objetivo da caminhada foi mostrar para a sociedade que o trabalho escravo existe e que acontece em todos os lugares. “A gente gosta de pensar que ele está longe de nós. Não está. Temos aqui em São Paulo trabalho escravo nas oficinas de costura e isso é só um exemplo. Existem outras formas, como os trabalhadores domésticos das residências ricas, que têm sua existência condicionada às aspirações do patrão. Muitas vezes eles dizem tratá-las como se fossem da família, mas na verdade não são mais do que trabalhadores escravizados”, concluiu.


Roberto Alves, paulistano que acompanhou a manifestação, expressou sua opinião sobre a relevância do evento: "Eu acho muito importante que essa discussão tenha sido trazida aqui para a Avenida Paulista, onde pulsa o coração de São Paulo. Todos nós temos que ter o compromisso de ajudar a erradicar o trabalho escravo no nosso país."


Durante a manifestação, diversos auditores fiscais utilizaram o microfone para abordar tanto a luta contra a escravidão quanto a importância de que a justiça no caso da Chacina de Unaí esteja sendo feita, mesmo que 19 anos tenham se passado. Foi também um momento de comemorar as prisões de Antério Mânica e José Alberto, mandante e intermediário do crime.


A Caminhada Contra a Escravidão em São Paulo não apenas trouxe à luz a persistente realidade do trabalho escravo no Brasil, mas também serviu como um lembrete de que a luta contra essa prática desumana continua, alimentada pela determinação dos Auditores-Fiscais do Trabalho e de todos aqueles que almejam uma sociedade livre da escravidão.

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