39º Enafit - Prestes a receber contingente jovem, SINAIT discute “Etarismo”

Por André Montanher
Edição: Andrea Bochi

Com uma sociedade que envelhece, e um mercado de trabalho cada vez mais ocupado por pessoas que não conseguem se aposentar, o 39º Enafit – Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho abriu espaço para a discussão do “Etarismo”, a discriminação ou o preconceito em relação à idade. O tema tem relevância redobrada – em breve, os Auditores que em sua maioria estão em faixa etária elevada, conviverão com 900 novos colegas, grande parte jovens. A psicóloga e psicoterapeuta Cristiane Cruz, mestranda em Ciência e Saúde na UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) foi a palestrante da mesa “Etarismo - “como enfrentá-lo?”.

Cristiane versou sobre este preconceito em diversos setores da vida humana – sociedade, família e trabalho.  E alertou para a tendência de se considerar os seres humanos como “mercadoria com prazo de validade”. “A população idosa deve ser tratada como sujeita de direitos. Muitas vezes observamos um processo que os descredibiliza e tolhe sua liberdade. Infantiliza, e algumas vezes o restringe a viver em casa – podendo a restrição chegar a um só cômodo”, analisou ela.

Com citações ao Estatuto do Idoso (Lei 10.470/2003), Cristiane também citou estudo da ONU (Organização das Nações Unidas), alertando que em 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em população idosa – 32 milhões de habitantes. “O artigo 8º do Estatuto afirma que o envelhecimento é um direito personalíssimo, e a sua proteção um direito social”, elencou.

Carreira

A Auditora-Fiscal do Trabalho e diretora do SINAIT, Rosângela Rassy, destacou a importância do tema para a categoria, num contexto de inserção de 900 novos colegas, em sua maioria jovens. “Nosso último concurso para ingresso na carreira é de 2013, e a maior parte dos Auditores registra idades elevadas. Será preciso um esforço de diálogo para a melhor convivência”, relatou.

Alberlita Maria da Silva, Auditora aposentada de 84 anos e também diretora do SINAIT, resgatou histórias de sua carreira, marcada por dificuldades como precariedade no transporte e outros recursos materiais, além do preconceito contra as mulheres e hostilidade violenta à inspeção. “Temos que nos orgulhar do que fomos e do que somos. Estamos prontos para receber a juventude (referindo-se aos novos 900)”, finalizou.

As Auditoras-Fiscais Lívia dos Santos Ferreira e Alberlita da Silva mediaram o painel.