Chacina de Unaí - Dirigentes do SINAIT e das DS levam pedidos ao MPF

Com faixas e apresentação de vídeo os dirigentes sindicais agradeceram todo o trabalho dos procuradores até aqui e pediram apoio ao MPF para a prisão dos foragidos


Por: Andrea Bochi
01/02/2024



Em audiência com o Procurador Federal e Secretário de Relações Institucionais do Gabinete do Procurador-Geral da República, Silvio Roberto Oliveira de Amorim Júnior, dirigentes do SINAIT e Delegados Sindicais que se encontravam em Brasília, por ocasião das atividades que marcam os 20 anos da Chacina de Unaí e as viúvas dos Auditores-Fiscais Nelson José da Silva, Eratóstenes de Almeida Gonsalves e João Batista Lage pediram a interlocução do Ministério Público do Trabalho para que sejam reforçadas as buscas pelos foragidos Norberto Mânica e Hugo Alves Pimenta.

Durante a audiência, que foi realizada, no dia 31 de janeiro, no auditório da sede da Procuradoria Geral da República – PGR, o presidente do SINAIT, Bob Machado, agradeceu todo o trabalho e empenho do Ministério Público Federal – MPF na condução do processo que condenou os mandantes e executores da Chacina de Unaí. “Foram 20 anos de muita luta para levar os culpados para a cadeia e a dedicação dos procuradores do MPF foram decisivas para que o processo avançasse e a justiça prevalecesse. Além disso, registro o empenho e busca por justiça dos presidentes que me antecederam a frente do SINAIT, que não mediram esforços para que a justiça fosse feita e os culpados fossem condenados e presos. Mas, ainda estão foragidos dois mandantes do crime e é esse apoio que pedimos ao MPF, para que sejam efetivadas as derradeiras prisões”, afirmou o presidente.

Para a diretora e ex-presidente do Sindicato, Rosa Jorge, que acompanha o caso desde o início e sempre trabalhou para que o bárbaro crime não fosse esquecido, se não fosse o MPF atuar de forma diligente e brilhante, o desfecho seria outro. “Agradecemos a todos que fizeram parte dessa jornada de luta contra o poder econômico e destaco aqui o esforço e dedicação da procuradora Mirian Lima, que atuou no caso. Sabemos que as condenações e as penas ocorreram em razão da atuação do MPF, pois ao longo dos anos ocorreram muitos reveses”, agradeceu a dirigente sindical. Rosa Jorge também lamentou a discrepância imposta aos condenados por serem mandantes do crime que cumprem suas penas em Unaí, município onde residiam e onde estão suas famílias, enquanto que os executores cumpriram suas penas em prisões do local onde foram julgados e pediu tratamento isonômico. “É uma questão de justiça e não de vingança!”, afirmou Rosa Jorge.

A também diretora e ex-presidente Rosângela Rassy fez referência à ex-procuradora Geral da República Raquel Dodge que realizou uma audiência pública em belo Horizonte (MG), “quando tudo parecia ainda muito distante”. Ela reiterou as falas anteriores ao afirmar que o empenho do MPF foi fundamental, desde o início, para que se alcançasse a justiça. “Pedimos agora o apoio do MPF para fecharmos esse ciclo, com a prisão dos foragidos”

Os dirigentes disseram que foram informados de que os nomes dos foragidos estão no "código vermelho da Interpol” e reforçaram o pedido para que o Procurador Geral da República, Paulo Gonet, interceda junto à Polícia Federal para que intensifique as diligências e prenda Norberto Mânica e Hugo Alves Pimenta.

Marinez Lina de Laia, viúva de Eratóstenes, também agradeceu o trabalho do MPF e citou homenagem à procuradora Mirian Lima no último dia 25 de janeiro, promovida pela Superintendência Regional do Trabalho de Minas Gerais. “Sabemos que o resultado demorou muito, mas a luta foi incansável e tivemos o apoio do SINAIT em todas as fases. Os Auditores-fiscais do Trabalho abraçaram essa causa. Após a morte de nossos maridos, nós resolvemos continuar e usar nossa dor para a luta. Não foi fácil fazer uma escolha como essa e ser viúva da chacina de Unaí”, disse emocionada Marinez.

Após a prisão dos mandantes que estão foragidos, Marinez disse que será fechado um ciclo e que ela e as demais querem uma justiça pra família por danos morais. “Nossos filhos merecem essa reparação! E pediu mais uma vez o apoio do MPF. 

Também na fala da viúva de Nelson, Helba Soares, o MPF foi elogiado e recebeu os agradecimentos pela atuação que culminou na condenação dos culpados. Ela citou outros procuradores que também atuaram no caso, a exemplo de Carlos Vilhena e Vladimir Aras.

A viúva Genir Lage (João Batista) reiterou as falas anteriores e também agradeceu o trabalho fundamental realizado pelos procuradores do MPF.

Dirigentes das Delegacias Sindicais, que participaram da audiência, além de agradecer ao MPF também ressaltaram as condições de insegurança nas ações fiscais e lamentaram que a regulamentação do porte de arma previsto em lei para os Auditores-Fiscais do Trabalho, assim como o protocolo de segurança para as ações fiscais ainda não tenham sido implementados. Sobre o porte de arma, informaram que a portaria que disciplinava a forma de atuação da Inspeção do Trabalho, que tratava da autorização do porte de arma para a carreira foi revogada justamente na semana em que se celebra o dia do Auditor e da Auditora-Fiscal do Trabalho e que também marca os 20 anos da Chacina de Unaí.

Os dirigentes do SINAIT acrescentaram que há uma Linha do Tempo de ameaças sofridas por Auditores-Fiscais do trabalho, que todo ano é ampliada. Informaram ainda que há um protocolo de segurança adotado pelo governo e que ainda não foi implementado e a carreira segue exposta a riscos e ameaças.

O secretário reafirmou o empenho na captura e em relação ao Protocolo de Segurança comprometeu-se a conversar com autoridades competentes e cobrar celeridade. Segundo Silvio, o MPF também irá manifestar-se em relação às condições diferenciadas dos que estão presos.

Encerrando a audiência, foi apresentado o vídeo sobre a Chacina de Unaí. Veja aqui.


Versão para impressão




Assine nossa lista de transmissão para receber notícias de interesse da categoria.