Fonacate repudia distorção de informações, em reportagem da Folha de São Paulo, sobre remuneração de servidores públicos

Fórum também pontua importância dos serviços públicos, com destaque para os resultados alcançados pela Fiscalização do Trabalho, como o recente recorde de pessoas retiradas da escravidão em 2023


Por: SINAIT
06/02/2024



O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) manifesta repúdio à publicação da Folha de São Paulo, de 5 de fevereiro, intitulada “Carreiras do Executivo têm ganho salarial de até 60% acima da inflação”, que tomou por base o estudo “Proposta de Modernização de Carreiras do Governo Federal”, encomendado pelo Movimento Pessoas à Frente, pois a matéria distorce dados relativos ao investimento em pessoal pela União.

Com efeito, a elite financeira do país, algumas das maiores fortunas e dos grandes beneficiários das altas taxas de juros praticadas no Brasil, se uniram para fornecer dados que atacam o funcionalismo. O texto presta um desserviço ao debate em torno do aperfeiçoamento da máquina pública, ao contaminá-lo, mais uma vez, e à revelia do acúmulo de estudos técnicos já produzidos, com falácias que servem apenas aos que se utilizam dessa manobra para tentar enfraquecer o poder de fiscalização e de regulação do Estado brasileiro.

O estudo em questão apresenta recorte tendencioso sobre a evolução salarial das carreiras de Estado a partir de 1998, deixando de lado, de forma arbitrária, dados que precisam ser ressaltados. Em 1998, os salários das citadas carreiras foram reajustados após três anos de congelamento, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, visando reduzir o impacto da elevada inflação acumulada, que no período chegou, conforme dados da FGV, a mais de 35%. Só em 1995, o acumulado da inflação no país superou 22%. Outra informação importante é que as carreiras de Estado passaram a ser remuneradas, no período, pelo sistema de subsídio, e gratificações e adicionais foram incorporados à rubrica única.

Apenas tais informações, acessíveis a qualquer interessado que se proponha a debater o serviço público de maneira responsável e honesta, seriam suficientes para esclarecer as falácias veiculadas pela Folha de São Paulo. Mas cabe destacar ainda que o gasto com pessoal civil na União, em relação ao PIB dos últimos 20 anos, caiu de 4,8% para 3,4%. Ademais, tendo em vista o mais recente congelamento, imposto pelos governos Temer e Bolsonaro, os servidores do Executivo federal acumulam perdas salariais de mais de 30%.

Na contramão dessa desvalorização e mesmo do esvaziamento dos quadros funcionais, os servidores acumularam novas atribuições e elevaram substancialmente as entregas à população, para atender à crescente demanda, também em face do crescimento populacional registrado. Cabe citar, por exemplo, o recente recorde da Fiscalização do Trabalho, que retirou mais de 3 mil trabalhadores de condições análogas à escravidão em 2023. Trabalhadores esses encontrados em jornadas exaustivas de trabalho, como o verificado em práticas da empresa Ambev, do empresário Jorge Paulo Lemann, um dos patrocinadores do Movimento Pessoas à Frente, autuada em 2021, como divulgado pela mídia. Lemann foi alvo, ainda, de investigações pela Comissão de Valores Mobiliários, em 2023, por possíveis desvios bilionários na empresa Americanas.

O Fonacate reitera seu interesse em subsidiar e promover o debate em prol do aperfeiçoamento da máquina pública, como atestam as recentes entrevistas à mídia, a participação na Câmara Técnica de Transformação do Estado do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o ciclo de debates “Nova Agenda para Reforma Administrativa”, e mais de 40 estudos técnicos com contribuições de diversos estudiosos do serviço público brasileiro, que, caso consultados, evitariam publicações equivocadas como a que motivou esta nota.

Brasília, 5 de fevereiro de 2024.

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