Em ação realizada na terça-feira, 19 de março, no Aeroporto Internacional de Confins em Belo Horizonte, Auditores-Fiscais do Trabalho constataram irregularidades trabalhistas e até falha na contenção de explosões. A fiscalização verificou que os trabalhadores do local encontram sérias dificuldades para beber água, ir ao banheiro e até se alimentar. Quatorze empresas acabaram sendo notificadas a apresentar documentos. A Inspeção ainda investiga denúncias de desrespeito à jornada de trabalho.
Em outro setor, no posto de abastecimento, os Auditores identificaram vários equipamentos e instalações que não são à prova de explosão. “Então, se uma explosão ocorrer, uma onda de calor irá se espalhar por toda a instalação do aeroporto, porque alguns dos atuais equipamentos não têm capacidade de conter a onda de energia. A empresa precisará fazer adequações”, pontua o coordenador da operação, o Auditor-Fiscal do Trabalho Marcos Botelho.
Entre as empresas notificadas está a BH Airport, que terá que regularizar o funcionamento de banheiros, o fornecimento de água e os assentos de funcionários, que são poucos e muito distantes, levando-os a se sentarem até no chão ou no meio-fio. O maior problema foi encontrado no refeitório, no entanto. Apesar das boas condições do lugar, a localização penaliza os funcionários. Eles precisam andar até 15 minutos para chegar ao local, fazer as refeições em 15 minutos e retornar ao trabalho, o que leva mais 15 minutos – ou seja, efetivamente têm apenas 15 minutos de intervalo. E ainda estão sujeitos a punições se não observarem o horário estipulado pela empresa.
A fiscalização verificou também que as condições de ergonomia dos postos de trabalho são inadequadas. Os trabalhadores em atividade na carga e descarga de aeronaves precisam se ajoelhar para debaixo dos porões ou ficar em pé, mas com os joelhos fletidos (com os pés apoiados no solo), para conseguirem se encaixar debaixo do porão.
“Pegar a carga que desce pela esteira e colocar na carreta é um outro problema, porque exige que tenha sempre um funcionário dentro da carreta, também abaixado, para receber e posicionar devidamente a carga. É um trabalho muito pesado, que pode ser melhorado com soluções disponíveis no mercado”, aponta o Auditor Marcos Botelho. Flexão de coluna, torção de coluna, flexão de pernas, joelhos apoiados diretamente no piso do porão e elevação de carga são alguns dos movimentos que os trabalhadores têm que fazer, o que gera inúmeros riscos ocupacionais.
O coordenador da operação relata que chegou a levantar algumas malas com mais de 20 kg, ação que os funcionários precisam fazer com centenas de bagagens por dia. A fiscalização constatou que são cerca de 13 aeronaves por dia, abastecidas e desabastecidas de bagagens. E que há máquinas que não estão em bom estado de conservação, como esteiras e tratores.
Em outro ponto, na oficina de manutenção da empresa Swisspot, o espaço para movimentação dos trabalhadores era muito exíguo, causando problemas à segurança na atuação deles.
A fiscalização prossegue, com a análise da documentação exigida das companhias.