40º Enafit - Os riscos psicossociais como fatores que podem contribuir ou mesmo desencadear estresse, adoecimento físico e mental nos trabalhadores


Por: Andrea Bochi
22/11/2024



Contribuir com o debate a respeito das limitações dos fatores de riscos psicossociais no trabalho e refletir sobre a necessidade de uma abordagem ampliada e integral na atenção à saúde mental dos trabalhadores foram os propósitos da palestra de Fernando Akyo Mariya, que é especialista em Medicina do Trabalho pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), no painel da manhã de terça-feira, 19 de novembro, durante o 40º ENAFIT.

O médico destacou a importância de reconhecer e abordar os fatores psicossociais que afetam a saúde mental dos trabalhadores. Segundo ele, a sobrecarga de trabalho, a falta de apoio social e o desequilíbrio entre a vida profissional e pessoal afetam diretamente a saúde mental.

"Esses fatores, quando mal geridos, podem levar a condições como estresse crônico, ansiedade e depressão, comprometendo tanto a produtividade quanto o bem-estar dos empregados", alerta o especialista.

Akio também abordou a necessidade de intervenções organizacionais, como a implementação de programas de apoio e treinamentos, além de reforçar a importância de os líderes promoverem uma cultura de acolhimento e suporte.

"Investir na saúde mental dos trabalhadores traz benefícios significativos para todos, como maior engajamento e retenção de talentos nas empresas", conclui o médico.

Akyo apresentou dados sobre o adoecimento mental dos trabalhadores e as diversas concepções dos fatores de riscos psicossociais presentes na literatura internacional, bem como as orientações fornecidas pela legislação brasileira.

O médico apresentou uma abordagem ampliada para a compreensão do adoecimento dos trabalhadores, apontando para a necessidade de se considerar os diversos elementos políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais e intrapsíquicos no processo de desgaste mental da classe trabalhadora.

“Embora não exista um consenso a respeito do termo - fatores de riscos psicossociais no trabalho - e o conceito seja empregado em diversos contextos laborais, de uma maneira geral os riscos psicossociais são apontados como fatores que podem contribuir ou mesmo desencadear estresse, adoecimento físico e mental nos trabalhadores.

Segundo Akyo, ao buscar compreender o adoecimento mental dos trabalhadores, é essencial considerar a precarização que compõe o atual contexto do trabalho no Brasil. Fazer uma análise do atual panorama, que inclui a flexibilização, a intensificação do trabalho e a perda de direitos trabalhistas, é tirar uma fotografia de uma realidade em permanente mutação.

Produzir cada vez mais com menos, em tempos mais curtos, é a meta dos atuais modelos de gestão. Sob o discurso de excelência, melhoria contínua e empregados cooptados como “colaboradores”, as relações de trabalho são transformadas de forma a mascarar a dominação capitalista sobre o trabalho humano.

O médico alerta ainda sobre uma série de mudanças no mundo do trabalho que tem contribuído para o estresse relacionado ao trabalho, como a globalização e fenômenos a ela associados: demandas por contratos flexíveis, fragmentação do mercado de trabalho, downsizing (redução da empresa com demissão de trabalhadores) e terceirização, contratos temporários e insegurança no trabalho, maior carga de trabalho e aumento da pressão, além de baixo equilíbrio entre a vida pessoal e trabalho.

Em sua fala, o médico apresentou alguns exemplos de dimensão de demandas e detalhou as informações que constam em questionários sobre as demandas – as empresas precisam rever esse cenário – a única forma de a empresa mensurar o nível de estresse é mensurando se os fatores psicossociais estão sob controle dentro da empresa.

Apresentou exemplo de empresa que investiu para minimizar ambientes tóxicos. “Não adianta criar cabines de meditação e, por outro lado, estabelecer horários determinados para ir ao banheiro. “Uma medida não minimiza a outra”, disse.

Para Akyo, os Auditores Fiscais do Trabalho, que são os agentes responsáveis por fiscalizar os ambientes de trabalho, precisam estar atentos aos fatores de risco psicossociais.

Categorias


Versão para impressão




Assine nossa lista de transmissão para receber notícias de interesse da categoria.