No Dia Internacional da Mulher, comemorado no sábado (8), a presidente da Delegacia Sindical do SINAIT na Paraíba, Tânia Tavares, foi a convidada/entrevistada do Abril Verde Cast, programa e podcast que trata de Segurança e Saúde no Trabalho, comandado pelos apresentadores Nivaldo Barbosa e Adriana Costa. Na ocasião, a Auditora-Fiscal contou um pouco de sua história e da jornada de dedicação à Auditoria Fiscal do Trabalho. Desde a década de 70, quando foi aprovada no concurso para inspetora do trabalho — ela se dedica à defesa dos direitos e dignidade dos trabalhadores.
“Eu e outros colegas, que começaram a atuar na Auditoria Fiscal do Trabalho, fomos os responsáveis pelas primeiras carteiras de trabalho assinadas na região rural da Paraíba. Naquela época, enfrentávamos grandes dificuldades, as condições eram bem mais precárias. Não era comum para nós, mulheres, usarmos tênis, exceto para atividades físicas. Muitas vezes, subíamos os canaviais de salto mesmo. Éramos ameaçadas pelos empregadores, já chegamos a passar sede e fome, mas esses e outros obstáculos nunca foram motivos para desistirmos da nossa missão enquanto auditores”, contou.
Tânia Tavares relembrou um fato de grande repercussão nos anos 80, em que ela e o colega Políbio Alves fiscalizaram e autuaram a Usina Tanques, de Zito Buarque, preso acusado de ser um dos mandantes do assassinato da sindicalista Margarida Alves.
“Eu autuei a usina, o Zito assinou o documento e um dos capangas dele que estava armado disse a seguinte frase: ‘hoje eu ainda não matei ninguém’. Na hora nós ficamos aflitos, pois éramos só nós dois nessa fiscalização, mas a sede em cumprir nosso papel falou mais alto que o medo e conseguimos sair de lá ilesos, graças a Deus”, explicou.
Nessa época a situação análoga à escravidão era muito mais comum nos canaviais e fazendas do Nordeste, e os veteranos da Auditoria Fiscal do Trabalho abriram o caminho para que essa luta se intensificasse ainda mais, alcançando muitas conquistas trabalhistas.
Sobre a questão salarial, a homenageada conta que sua remuneração era muito baixa, mal dava para pagar as despesas. “Era um salário melhor do que eu ganhava quando trabalhei no estado, mas não era o ideal. Contudo foi uma luta que me sinto orgulhosa e feliz por ter passado, completou.
Questionada sobre o que esperar dos novos Auditores-Fiscais do Trabalho, aprovados no concurso realizado no ano passado, Tânia Tavares disse que a categoria precisa de pessoas destemidas e compromissadas com os direitos trabalhistas.
“O Brasil enfrentava um déficit muito grande de Auditores-Fiscais e o concurso é mais uma conquista da categoria. Esperamos que esses profissionais continuem a luta que iniciamos lá atrás, pela garantia dos direitos dos trabalhadores e que tenham a coragem de enfrentar os desafios que ainda persistem no mercado de trabalho, como por exemplo a erradicação do trabalho escravo e trabalho infantil, no país”, finalizou.