Reajuste salarial - nova onda de boatos


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
03/04/2009



3-4-2009 – SINAIT


 


Uma nova onda de boatos sobre se o governo vai ou não vai cumprir o acordo de reajuste de servidores públicos começou a circular esta semana. Os gastos com o funcionalismo são citados pela imprensa toda vez que o assunto é a crise econômica, orçamento da União ou alternativas para conter gastos públicos. Mais uma vez, os servidores são colocados como gasto e não como investimento. Em contraposição, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, divulgou pesquisa que afirma que a máquina pública brasileira é carente de servidores em determinadas áreas, entre elas as auditorias fiscais, carreiras estratégicas no arcabouço do Estado, que garantem arrecadação e equilíbrio nas relações capital X trabalho. “Mais do que nunca, é hora de investir nestas carreiras, para dar eficiência e eficácia à arrecadação neste momento de crise. O FGTS, por exemplo, é uma das fontes de financiamento para o projeto habitacional anunciado pelo governo. Estes recursos vêm diretamente dos trabalhadores, depende da manutenção do trabalho formal e da fiscalização do recolhimento do tributo, realizada pelos Auditores Fiscais do Trabalho. Quem critica não conhece a responsabilidade que pesa sobre o funcionalismo”, comenta Rosa Jorge. Ela também faz um lembrete à categoria: “O SINAIT está acompanhando tudo, pressionando, enviando o recado ao governo de que a categoria vai reagir se o acordo não for cumprido. E espera que a categoria esteja mobilizada, pronta para o que der e vier. A frase pode ser batida, mas ainda vale: o Sindicato somos todos nós. Não adianta deixar tudo nas mãos dos diretores da entidade, é preciso ter retaguarda muito bem montada”.


 


Veja matéria do Correio Braziliense e opinião do site Auditoria Cidadã da Dívida:


 


1º-4-2009 – Correio Braziliense


CONTAS DO GOVERNO ENTRAM NO VERMELHO


Crise cobra a conta - Expansão dos gastos e queda na arrecadação fazem economia do governo para pagar juros da dívida pública baixar de R$ 20,5 bilhões para R$ 3 bilhões. Reajustes do funcionalismo estão ameaçados


Edna Simão


 


A alta desenfreada dos gastos públicos, associada à abrupta queda das receitas com impostos, fez com que a economia do governo central — que inclui as contas do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social — para pagamento de juros despencasse no primeiro bimestre do ano, passando de R$ 20,579 bilhões para R$ 3,049 bilhões. Em fevereiro, foi apurado o primeiro déficit primário para o mês desde 1997. O saldo ficou no vermelho em R$ 926 milhões ante R$ 5,217 bilhões de 2008. Esse é o preço que o governo está pagando para combater a recessão. Mas a fatura pode ser ainda maior e provocar o adiamento dos reajustes dos servidores públicos.
Para a redução da arrecadação, o governo explicou que ela reflete o impacto da crise mundial na atividade econômica, mas a recuperação deve vir nos próximos meses. Já para a elevação dos gastos — focada principalmente no reajuste e pagamento de benefícios ao funcionalismo público — , o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, destacou que a expansão não preocupa porque não será tendência para o ano. Disse até que a ampliação dessas despesas — tão criticada por analistas de mercado — é positiva por ser uma política anticíclica, ou seja, a melhoria dos salários estimula o consumo neste momento de crise econômica.
“O aumento das despesas não é negativo. É positivo. Não é uma tendência neste momento. Ele está ajudando a economia”, disse o secretário. Os gastos com pessoal tiveram uma expansão de 25,4% nos dois primeiros meses do ano em relação a 2008. Por outro lado, os investimentos, que são fundamentais para a sustentação do Produto Interno Bruto (PIB), registraram acréscimo de 13,9% no bimestre, o que representa uma desaceleração na comparação com o mesmo período do ano passado (20,3%).

Peso dos servidores
Com a ampliação dos gastos e a queda do montante de impostos recolhidos no país fica mais difícil de o governo federal cumprir a meta de superávit primário prevista para o quadrimestre. Por isso, não está descartada a possibilidade de adiamento dos reajustes para o funcionário público. Por enquanto, Augustin sustenta que as elevações de salários estão garantidas. “Essa discussão, o governo pode fazer no momento em que achar necessário. Por enquanto, os reajustes estão previstos, mas é uma discussão que pode ser feita”, afirmou o secretário do Tesouro.
Para o secretário, o país tem condições de cumprir a meta de superávit primário quadrimestral, que é de R$ 17 bilhões. Por enquanto, a economia feita foi de apenas R$ 3 bilhões. Augustin acredita que “alguns indicadores” começaram a reagir e deverão trazer resultados positivos para a arrecadação daqui para frente. “No momento, é preciso manter o investimento e auxiliar a economia fazendo desonerações”, afirmou Augustin. “O Brasil vai vencer essa crise. O movimento da retomada está apontando. A velocidade disso é que está sendo verificada”, acrescentou.
Esse otimismo do secretário não é compartilhado por economistas como o Felipe Salto, da consultoria Tendências. Segundo Salto, o investimento público está crescendo muito lentamente, principalmente, se comparado com as despesas com pessoal. “O resultado de fevereiro só mostra que essa dinâmica é pior do que se previa. É preciso fazer o ajuste na despesa e diminuir o primário. Vai ter que fazer redução de gasto compulsoriamente”, frisou.


 


 


 


1º-4-2009 – Site da Auditoria Cidadã da Dívida


Uma grande MENTIRA: servidor é colocado como o responsável pelo “estouro” das contas públicas


 


Os jornais O Globo, Estado de São Paulo e Folha de São Paulo trazem matérias de capa altamente equivocadas - apropriadas para o "Dia da Mentira" - afirmando que o gasto com pessoal foi o responsável pelo “estouro de contas” do governo federal em 2009. Analisando-se os dados do orçamento, verificamos que, de 1º de janeiro a 27 de março de 2009, o governo federal gastou R$ 56 bilhões com juros e amortizações da dívida, e R$ 104,6 bilhões com o refinanciamento da dívida (ou seja, a “rolagem”, que significa os pagamentos de amortizações por meio da emissão de novos títulos). No mesmo período, o governo gastou somente R$ 31,4 bilhões com toda a folha de pessoal (incluindo funcionários públicos de todas as áreas, ativos aposentados e pensionistas), gasto este essencial para o funcionamento do país, que necessita de professores, médicos, auditores e demais serviços públicos essenciais à população. Portanto, culpar os servidores pela má situação das contas públicas é uma tentativa de desviar o foco do verdadeiro culpado pelo excesso de gastos públicos: o endividamento público.


Na matéria do jornal O Globo, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, afirma que pode rever os reajustes de servidores, previstos para julho. Está claro que os dados divulgados pelo governo preparam o terreno para o anúncio da não concessão dos reajustes.   


As matérias também procuram difundir a idéia de que os servidores são os responsáveis pela queda do superávit primário, ou seja, pela redução da economia de recursos feita para o pagamento da dívida. Porém, cabe ressaltar que, apesar da queda no superávit primário nos dois primeiros meses de 2009 (nos quais o superávit foi de 2% do PIB, ante 6,21% do PIB nos dois primeiros meses de 2008), membros da equipe econômica afirmam que a meta de 3,8% do PIB para o ano de 2009 está mantida, o que significa que o governo deve aprofundar os cortes de gastos.


Neste sentido, notícia do Globo on line (não disponível abaixo) traz outra matéria mostrando que os cortes no orçamento afetarão programas importantes do Ministério da Justiça, o que chegou a provocar protestos do próprio Ministro Tarso Genro. O Ministério teve 43% do orçamento cortado, o que afetará o PRONASCI (Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania), cujos convênios com estados e municípios serão congelados. Os investimentos no sistema prisional também serão cortados. Os cortes poderão paralisar a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.


No caso do Ministério da Defesa, serão cortados à metade o número de recrutas. No caso da educação, os cortes afetarão a compra de ônibus escolares e a construção de creches.


No DF, foi aprovado Projeto de Lei, de iniciativa do governo do Distrito Federal, que condiciona os reajustes dos servidores à disponibilidade de recursos. Tal medida segue o exemplo das Medidas Provisórias editadas pelo Governo Federal no ano passado para os reajustes dos servidores. 


No cenário internacional, mais uma vez surgem notícias sobre a recuperação do FMI em meio à crise, como emprestador aos países em desenvolvimento. Segundo o Jornal Folha de São Paulo, o México tomará emprestado US$ 40 bilhões. No mês passado, o FMI lançou uma nova linha de financiamento para países com histórico de medidas "sustentáveis". Ou seja: O mundo terá um recrudescimento da ação nefasta do FMI condicionando seus empréstimos à adoção das políticas do neoliberalismo, mesmo que estas medidas privatistas e liberalizantes tenham se mostrado completamente falidas pela crise. No mesmo sentido, o Valor Econômico traz a notícia de que o G-20 e o Banco Mundial coordenarão um grande pacote de empréstimos para financiar o comércio internacional.


Em suma: a crise aprofunda a problemática do endividamento, mostrando claramente os impactos nocivos da dívida sobre todos os aspectos de nossas vidas. Mais do que nunca, faz-se necessária uma ampla e profunda auditoria sobre a dívida pública brasileira, seguindo-se o exemplo do Equador, que chamou a sociedade civil para auditar sua dívida e, amparado nas provas e documentos que fundamentam o relatório da auditoria, suspendeu pagamentos aos bancos privados internacionais.


 


 

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