AGU edita Portaria sobre defesa de servidores


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
20/04/2009



20-4-2009 – SINAIT


 


A Advocacia Geral da União – AGU decidiu disciplinar os procedimentos relativos à defesa judicial de servidores públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, da AGU e da Procuradoria-Geral Federal, incluindo dirigentes de autarquias e fundações públicas federais. A defesa judicial dos servidores está prevista nos artigos 131 da Constituição Federal e 22 da Lei 9.028 (12-4-1995).


A Portaria nº 408/2009 (Diário Oficial da União de 24-3-2009) estabelece que a AGU assumirá a defesa do servidor somente quando for solicitada e autorizada pelo mesmo, mediante o fornecimento de todos os documentos necessários ao conhecimento dos fatos, estritamente relativos ao exercício de suas atividades profissionais constitucionais, legais e regulamentares. Os documentos e procedimentos são detalhados na Portaria.


Para o SINAIT a Portaria é um instrumento fundamental que todos os Auditores Fiscais do Trabalho – AFTs devem conhecer. “Muitos são os casos de AFTs que enfrentam situações de contestação judicial em decorrência da atividade. “A AGU e o sindicato são instâncias importantíssimas na defesa dos servidores públicos. Devem ser acionadas sempre que houver ameaças e constrangimentos na atividade profissional. A Portaria uniformiza procedimentos e formaliza positivamente a assistência da AGU”, diz a presidente Rosa Jorge.


A Portaria na íntegra está disponível para consultas neste site na área de LEGISLAÇÃO (link Decretos e Portarias).


 


 


PORTARIA Nº 408, DE 23 DE MARÇO DE 2009


 


Disciplina os procedimentos relativos à representação judicial dos agentes públicos de que trata o art. 22 da Lei no 9.028, de 12 de abril de 1995, pela Advocacia-Geral da União e Procuradoria-Geral Federal.


 


O ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO, no uso das atribuições que lhes conferem os incisos I, XIII e XVIII do art. 4º da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993, resolve:


 


Art. 1º Esta Portaria disciplina os procedimentos relativos à representação judicial dos agentes públicos de que trata o art. 22 da Lei no 9.028, de 12 de abril de 1995, pela Advocacia-Geral da União - AGU e Procuradoria-Geral Federal - PGF.


           


Art. 2º A representação de agentes públicos somente ocorrerá por solicitação do interessado e desde que o ato pelo qual esteja sendo demandado em juízo tenha sido praticado no exercício de suas atribuições constitucionais, legais ou regulamentares, na defesa do interesse público, especialmente da União, suas respectivas autarquias e fundações, ou das Instituições mencionadas no art. 22 da Lei no 9.028, de 1995.


 


Parágrafo único. O pedido de representação judicial pode ser formulado antes ou durante o transcurso do inquérito ou do processo judicial.


           


Art. 3º A AGU e a PGF poderão representar em juízo, observadas suas competências e o disposto no art. 4º, os agentes públicos a seguir relacionados:


 


I - o Presidente da República;


II - o Vice-Presidente da República;


III - os Membros dos Poderes Judiciário e Legislativo da


União;


IV - os Ministros de Estado;


V - os Membros do Ministério Público da União;


VI - os Membros da Advocacia-Geral da União;


VII - os Membros da Procuradoria-Geral Federal;


VIII - os Membros da Defensoria Pública da União;


IX - os titulares dos Órgãos da Presidência da República;


X - os titulares de autarquias e fundações federais;


XI - os titulares de cargos de natureza especial da Administração Federal;


XII - os titulares de cargos em comissão de direção e assessoramento superiores da Administração Federal;


XIII - os titulares de cargos efetivos da Administração Federal;


XIV - os designados para a execução dos regimes especiais previstos na Lei no 6.024, de 13 de março de 1974, nos Decretos-Lei nos73, de 21 de novembro de 1966, e 2.321, de 25 de fevereiro de 1987;


XV - os militares das Forças Armadas e os integrantes do órgão de segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, quando, em decorrência do cumprimento de dever constitucional, legal ou regulamentar, responderem a inquérito policial ou a processo judicial;


XVI - os policiais militares mobilizados para operações da Força Nacional de Segurança; e


XVII - os ex-titulares dos cargos e funções referidos nos incisos anteriores.


 


Art. 4º Os pedidos de representação serão dirigidos:


I - quando se tratar de agentes da Administração Federal direta:


a) ao Secretário-Geral do Contencioso, quando a demanda seja ou deva ser processada originariamente perante o Supremo Tribunal Federal;


b) ao Procurador-Geral da União, quando a demanda seja ou deva ser processada originariamente perante os Tribunais Superiores ou nas hipóteses que envolver as autoridades previstas no § 1º deste artigo, respeitados, neste último caso, o disposto na alínea "a" deste inciso;


c) ao Procurador Regional da União, quando a demanda seja ou deva ser processada por Tribunal Regional da respectiva Região ou no Juízo de primeira instância de sua localidade;


d) ao Procurador-Chefe da União ou ao Procurador Seccional da União, quando a demanda seja ou deva ser processada no Juízo de primeira instância de sua área de atuação;


 


II - quando se tratar de agentes de autarquias e fundações federais, exceto o Banco Central do Brasil:


a) ao Procurador-Geral Federal, quando a demanda seja ou deva ser processada perante o Supremo Tribunal Federal ou Tribunal Superior;


b) ao Procurador Regional Federal, quando a demanda seja ou deva ser processada por Tribunal Regional da respectiva Região ou no Juízo de primeira instância de sua localidade;


c) ao Procurador-Chefe da Procuradoria Federal no Estado ou ao Procurador Seccional Federal, quando a demanda seja ou deva ser processada no Juízo de primeira instância de sua área de atuação;


 


d) ao Chefe de Procuradoria Federal, especializada ou não, junto a autarquia ou fundação que, excepcionalmente, ainda detenha representação judicial no Tribunal ou Juízo em que a demanda seja ou deva ser processada.


 


§ 1º As solicitações do Presidente da República, do Vice-Presidente da República, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores da União, dos membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, do Procurador-Geral da República, do Procurador-Geral do Trabalho, do Procurador-Geral da Justiça Militar, do Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, dos membros do Congresso Nacional, dos Ministros de Estado, dos Ministros do Tribunal de Contas da União e dos Comandantes das Forças Armadas, bem como dos ocupantes de cargos em comissão do Grupo- Direção e Assessoramento Superiores - DAS níveis 5, 6 e de Natureza Especial - NES da Administração Federal direta, ou equivalentes,


para representá-los em qualquer juízo ou tribunal devem ser dirigidas ao Secretário-Geral do Contencioso ou ao Procurador-Geral da União, observado o disposto no inciso I, alíneas "a" e "b", deste artigo.


 


§ 2º Caso não seja acolhido pedido de representação judicial do Presidente da República , do Vice-Presidente da República, dos Senadores e Deputados Federais, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União,


do Procurador-Geral da República, dos Ministros de Estado e do Defensor-Geral da União, os autos do processo administrativo devem ser remetidos para o Gabinete do Advogado-Geral da União para conhecimento.


 


§ 3o A decisão sobre a assunção da representação judicial de que trata esta Portaria compete às autoridades indicadas no caput, observado o disposto no § 1o .


§ 4o A decisão quanto à representação judicial do agente público deve conter, no mínimo, o exame expresso dos seguintes pontos:


I - enquadramento funcional do agente público nas situações previstas no art. 22 da Lei no 9.028, de 1995;


II - natureza estritamente funcional do ato impugnado;


III - existência de interesse público na defesa da legitimidade do ato impugnado;


IV - existência ou não de prévia manifestação de órgão da AGU ou da PGF responsável pela consultoria e assessoramento da autarquia ou fundação pública federal sobre o ato impugnado;


V - consonância ou não do ato impugnado com a orientação jurídica definida pelo Advogado-Geral da União, pelo Procurador- Geral Federal ou pelo órgão de execução da AGU ou da PGF; e


VI - narrativa sobre o mérito e pronunciamento sobre o atendimento aos princípios que norteiam a Administração Pública.


 


§ 5o Quando houver sindicância ou processo administrativo disciplinar acerca do mesmo fato, a manifestação a que se refere o § 3º deste artigo conterá descrição a respeito do seu objeto, andamento e eventuais conclusões.


 


§ 6o O requerimento de representação deverá ser encaminhado à AGU ou PGF no prazo máximo de três dias a contar do recebimento do mandado, intimação ou notificação, salvo motivo de força maior ou caso fortuito, devidamente justificado.


 


§ 7o No caso de haver a necessidade de prática de ato judicial em prazo menor ou igual ao previsto no § 6o, o requerimento de representação deverá ser feito em até vinte e quatro horas do recebimento do mandado, intimação ou notificação.


 


Art. 5º O agente que solicitar a representação de que trata esta Portaria deverá fornecer ao órgão jurídico competente todos os documentos e informações necessários à defesa, bem como a indicação de testemunhas, quando necessário, tais como:


I - nome completo e qualificação do requerente, indicando, sobretudo, o cargo ou função ocupada;


II - descrição pormenorizada dos fatos;


III - citação da legislação constitucional e infraconstitucional, inclusive atos regulamentares e administrativos, explicitando as atribuições de sua função e o interesse público envolvido;


IV - justificativa do ato ou fato relevante à defesa do interesse público;


V - indicação de outros processos, judiciais ou administrativos, ou inquéritos que mantenham relação com a questão debatida;


VI - cópias reprográficas de todos os documentos que fundamentam ou provam as alegações;


VII - cópias reprográficas integrais do processo ou do inquérito correspondente;


VIII - indicação de eventuais testemunhas, com respectivas residências; e


IX - indicação de meio eletrônico, endereço e telefone para contato.


 


§ 1o Para fins de ajuizamento de ação penal privada, o requerimento deve contemplar expressa autorização, inclusive com a menção do fato criminoso e a indicação de seu autor.


 


§ 2o Os documentos em poder da Administração Pública Federal que não forem franqueados ao requerente, comprovada a recusa administrativa, e reputados imprescindíveis à causa, podem ser requisitados pelo órgão competente da AGU ou da PGF, nos termos do art. 4o da Lei no 9.028, de 1995, ou do art. 37, § 3º, da Medida


Provisória no 2.229-43, de 6 de setembro de 2001.


 


§ 3o A AGU e a PGF manifestar-se-ão sobre a aceitação de pedido de representação judicial no prazo de três dias úteis, salvo em caso urgente de que possa resultar lesão grave e irreparável ao requerente, no qual o prazo será de vinte e quatro horas.


 


§ 4o Na tramitação do requerimento de representação judicial, os servidores e todos quantos tiverem acesso a ele devem guardar sigilo sobre a sua existência e conteúdo.


 


Art. 6º Não cabe a representação judicial do agente público quando se observar:


I - não terem sido os atos praticados no estrito exercício das atribuições constitucionais, legais ou regulamentares;


II - não ter havido a prévia análise do órgão de consultoria e assessoramento jurídico competente, nas hipóteses em que a legislação assim o exige;


III - ter sido o ato impugnado praticado em dissonância com a orientação, se existente, do órgão de consultoria e assessoramento jurídico competente, que tenha apontado expressamente a inconstitucionalidade ou ilegalidade do ato, salvo se possuir outro fundamento jurídico razoável e legítimo;


IV - incompatibilidade com o interesse público no caso concreto;


V - conduta com abuso ou desvio de poder, ilegalidade, improbidade ou imoralidade administrativa, especialmente se comprovados e reconhecidos administrativamente por órgão de auditoria ou correição;


VI - que a autoria, materialidade ou responsabilidade do requerente tenha feito coisa julgada na esfera cível ou penal;


VII - ter sido levado a juízo por requerimento da União, autarquia ou fundação pública federal, inclusive por força de intervenção de terceiros ou litisconsórcio necessário;


VIII - que se trata de pedido de representação, como parte autora, em ações de indenizações por danos materiais ou morais, em proveito próprio do requerente;


IX - não ter o requerimento atendido os requisitos mínimos exigidos pelo art. 4o; ou


X - o patrocínio concomitante por advogado privado.


 


Art. 7º Da decisão sobre o pedido de representação judicial, será dada ciência imediata ao requerente.


 


§ 1o Acolhido o pedido de representação judicial, cabe ao chefe da respectiva unidade designar um advogado ou procurador para representar judicialmente o requerente.


 


§ 2o Do indeferimento do pedido de representação judicial cabe recurso à autoridade imediatamente superior.


 


§ 3º O recurso será dirigido à autoridade que indeferiu o pedido, a qual, se não a reconsiderar em vinte e quatro horas, o encaminhará à autoridade superior.


 


Art. 8º Verificadas, no transcurso do processo ou inquérito, quaisquer das hipóteses previstas no art. 6o, o advogado ou o procurador responsável suscitará incidente de impugnação sobre a legitimidade da representação judicial à autoridade competente, sem prejuízo do patrocínio até a decisão administrativa final.


 


§ 1o Aplica-se ao incidente de que trata o caput, o disposto no art. 7o, caput e § 2o.


 


§ 2o Acolhido o incidente de impugnação, a notificação do requerente equivale à cientificação de renúncia do mandato, bem como ordem para constituir outro patrono para a causa, mantida a representação pelo prazo que a lei processual fixar, desde que necessário


para lhe evitar prejuízo.


 


Art. 9º Caso a ação judicial seja proposta apenas em face do requerente e o pedido de sua representação judicial seja acolhido, o órgão competente da AGU ou da PGF requererá o ingresso da União ou da autarquia ou fundação pública federal, conforme o caso, na qualidade de assistente simples, salvo vedação legal ou avaliação técnica sobre a inconveniência da referida intervenção.


 


Art. 10º Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.


 


JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLI

 

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