1º de maio - Dia do Trabalho


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
01/05/2009



1º-5-2009 – SINAIT


 


O SINAIT é o sindicato que representa os agentes públicos que fiscalizam o cumprimento dos direitos trabalhistas. Os Auditores Fiscais do Trabalho – AFTs fiscalizam todos os aspectos legais de uma relação de trabalho, buscando o equilíbrio entre as forças do capital e do trabalho. Neste dia 1º de maio, em que se comemora o Dia do Trabalho ou Dia do Trabalhador, junta-se a todos os que defendem o direito ao trabalho digno e decente, conceito que vem se fortalecendo mundialmente, capitaneado pela Organização Internacional do Trabalho – OIT.


Há muito tempo este dia é dedicado à afirmação das reivindicações dos trabalhadores em todo o mundo, deixando de ser apenas um dia de festa. Este ano a data tem um caráter ainda mais sério, diante da crise econômica que provocou demissões de milhares de trabalhadores. A resposta a esta crise não pode ser o sacrifício de trabalhadores. Antes, deve ser o fortalecimento dos empregos como forma de fazer girar a economia. E mais: a valorização do Homem, dos trabalhadores, muito mais que as instituições – particularmente as bancárias.


Como diz o título do artigo abaixo “Trabalho é dignidade”. E é isso que o SINAIT e os AFTs buscam em sua atividade quotidiana, a dignidade do trabalhador brasileiro. Esta é a nossa bandeira, hoje e sempre.


Trabalhadores e AFTs, juntos pelo direito ao trabalho digno e decente.


 


Leia o artigo:


 


 


1º de maio de 2009 – Correio Braziliense


Artigo: Trabalho é dignidade
Severino Francisco


O nosso Gilberto Freyre era ligado, simultaneamente, em ancestralidades e em futurismos. Ele nos deu novos olhos para rever o nosso passado e perceber que não estávamos necessariamente fadados ao fracasso pelo fato de sermos um povo miscigenado, como proclamava a ciência social dominante no seu tempo. Mas, além de reinventar o Brasil, ele se entregou também a voos de antevisão do futuro. Uma de suas profecias era a de que, com a automação em escala mundial, os robôs fariam o serviço pesado e a nós, humanos, caberia a delícia de desfrutar os prazeres do ócio.
Freyre via isso como um problema sério, a merecer a atenção dos cientistas sociais, pois em países desenvolvidos, tais como a Suécia ou Noruega, onde, digamos assim, todo mundo tem um padrão de vida de Lago Sul ou Lago Norte, as pessoas se matam de tédio. Quer dizer, eles não sabem gozar o ócio e o tempo livre. E, segundo o mestre de Apipucos, disso nós brasileiros entendemos um pouco. Nós sabemos contemplar, brincar, celebrar, inventar e reinventar o tempo livre. E, por isso, na sociedade da automação teríamos uma contribuição original para legar ao mundo desenvolvido: a ciência do ócio.
Infelizmente, sob a era da globalização, o planeta se encaminhou em uma direção diametralmente oposta à das previsões de Freyre. O número de vagas se reduziu, os robôs não nos livraram do serviço pesado, o trabalho se degradou, os direitos conquistados arduamente estão ameaçados, crianças são obrigadas a se submeter a ofícios aviltantes e até a se prostituírem para sobreviver. Novas formas de escravidão estão se desenhando no horizonte.
O quadro do desemprego e do subemprego no mundo é tão devastador quanto o da febre suína. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2007, momento de crescimento econômico no mundo, havia aproximadamente 195 milhões de pessoas desempregadas no planeta. E, mesmo assim, metade das pessoas ocupadas vivia com menos de US$ 2 ao dia, portanto, abaixo da linha de pobreza. E quase 20% viviam com menos de US$ 1 ao dia, portanto, abaixo da linha de extrema pobreza.
Com o caos provocado pela crise econômica da bolha global, a situação se agravou ainda mais e trouxe uma série de ameaças. Em discurso proferido ontem, no Senado, a diretora da OIT, Laís Abramo, alertou para o fato de que não basta qualquer emprego para superar essa situação: “É necessário que esse emprego tenha condições mínimas de qualidade, seja relacionado com o respeito aos direitos do trabalho, para que esse trabalho seja capaz de dar uma vida digna às pessoas e que, cumprindo o postulado da Declaração de Filadélfia, o trabalho deve ser fonte de dignidade”.
O desespero dos governos é salvar os bancos. Lula ficou feliz porque o Brasil emprestou dinheiro para o FMI. Mas a OIT adverte que, além de socorrer os bancos, é fundamental salvar também as empresas e os trabalhadores. O trabalho deveria ser concebido como um instrumento de justiça social. Não é nenhuma bandeira socialista. Trabalho é dignidade. Se houvesse trabalho decente para todos, os nossos principais problemas não existiriam: não teríamos violência, gente vivendo como bicho, crianças revolvendo o lixo ou se prostituindo nas ruas.

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