Crescem expectativas com a posse do novo presidente dos EUA


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
19/01/2009



19 -01-2009 SINAIT


 


Não é novidade pra ninguém que neste momento, mais do que antes, as atenções do mundo estão voltadas para os Estados Unidos da América - EUA, com a posse do presidente Barack Obama nesta terça-feira 20.  A verdade é que tanto a posse como o pacote econômico que será lançado por Obama são esperados com expectativa por todos. Afinal, ao funcionar como  termômetro para ao restante do mundo a economia dos EUA, seja saudável ou doente, interfere na vida de todos.


Nas matérias a seguir cientistas políticos definem a atual crise econômica vivida nos EUA como a mais forte sofrida desde a grande depressão do século 20. A perspectiva de adoção de políticas monetárias e fiscais expansionistas é vista por eles com ressalvas.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no programa de hoje, “Café com o Presidente”, disse esperar do novo presidente dos EUA tratamento político diferenciado para a América Latina, em especial para o Brail. Ele afirmou que, enquanto os Estados Unidos são o país mais importante do mundo,o Brasil é o país mais importante da América Latina.


Veja abaixo as, matérias publicadas pela Agência Brasil e pela Agência Estado de São Paulo.


 


19–01- 009  Agência Brasil


Obama assume sob desafio de imprimir políticas audaciosas contra crise, avalia Unger


Marco Antonio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil


 


Brasília - O democrata Barack Obama, que será empossado amanhã (20) na Presidência dos Estados Unidos, necessitará de uma gestão audaciosa ante o desafio de oferecer alternativas de superação para uma das mais graves crises econômicas enfrentadas pelo país e também de promover um salto de qualidade nas relações multilaterais da superpotência. A avaliação é do ministro de Assuntos Estratégicos do governo brasileiro, Roberto Mangabeira Unger, conhecedor da cultura norte-americana, da personalidade de Obama – o democrata foi aluno de Unger na Universidade de Harvard – e de boa parte da equipe de auxiliares do novo presidente.


Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, Unger analisou a dimensão da crise, a composição da equipe e o projeto de governo de Obama. Segundo o ministro, a julgar pelas idéias dos principais colaboradores anunciados, o governo de Obama tenderia a uma trajetória “muito convencional”. Entretanto, o professor acredita que o ex-aluno será impelido a intervir e a garantir arrojo condizente com as expectativas despertadas na sociedade americana e mundial.


“A crise é uma grande aliada da imaginação. As pessoas que costumam aflorar ao primeiro nível do mundo raramente são pessoas muito auto-questionadoras. Geralmente acham que já sabem, mas não sabem, como a crise demonstrou. O presidente eleito teria que forçar a barra. Ele tem dito publicamente: 'não se preocupem se muitos de meus colaboradores não parecem visionários, que eu providenciarei a visão'”, assinalou Unger.


Em visita aos EUA na última semana, Unger apurou seis diretrizes já definidas no programa de governo de Obama: regular os mercados financeiros; adotar políticas fiscais e monetárias expansionistas; usar o poder do governo federal para aumentar a cobertura dos seguros privados de saúde; fomentar o uso de energias renováveis e tomar uma posição mais avançada em relação às mudanças climáticas; respeitar mais o multilateralismo nas relações institucionais e o “poder suave” em relação ao poder duro da intervenção militar; retirar tropas do Iraque e colocá-las no Afeganistão.


“É um projeto muito circunscrito, dada a amplitude das frustrações e aspirações suscitadas no país, neste momento de inflexão. O país está fervilhando em baixo e vai querer mais. O presidente, que é um homem sereno e cauteloso, mas também apreciador da imaginação, vai oscilar entre o horizonte programático restrito dos colaboradores e a impaciência do país por um programa mais audacioso”, ressaltou Unger.


O ministro define a atual crise econômica vivida nos EUA como a mais forte sofrida desde a grande depressão do século 20. A perspectiva de adoção de políticas monetárias e fiscais expansionistas é vista com ressalvas por ele. 


“Essas políticas expansionistas surtirão poucos efeitos ou efeitos perversos, se não forem adotadas num contexto de superação dos desequilíbrios na economia do mundo, entre países superavitários em comércio e poupança, a começar pela China, e países deficitários em comércio e poupança, a começar pelos EUA. O primeiro efeito das políticas expansionistas é agravar o mal que produziu a crise: mais fome do consumo e de importação.”


Na visão de Unger, a política de regulação dos mercados a ser imprimida pelo governo de Obama deve ser implementada com um dos elementos de um projeto maior, que seria o da reconstrução das relações entre as finanças e a produção, com uma reorganização das instituições que mobilizam a poupança de longo prazo para investimento na produção.


“Do jeito pelo qual se organizam hoje as economias de mercado, a produção em larga medida se autofinancia por meio dos lucros retidos das empresas. Todo aquele dinheiro que está nos bancos seria teoricamente para financiar a produção, mas, na realidade, a maior parte não é. Isso teria que mudar de forma que, ao recuperar o nível de atividade econômica, também se ampliasse as oportunidades”, argumentou o ministro.


Unger não acredita em reação negativa da sociedade americana a uma postura intervencionista que, em certa medida, deverá marcar o governo de Obama. O ministro imagina uma coordenação estratégica entre Estado e empresas, nos moldes do que ocorreu com sucesso na economia americana durante a Segunda Guerra Mundial.


“O ponto forte da cultura pública dos Estados Unidos não é a devoção à livre inciativa, mas a devoção à flexibilidade institucional. Os americanos têm seus preconceitos doutrinários, mas, quando precisam, mudam de roupa com grande desembaraço”, defendeu Unger. “O velho conflito ideológico entre estatismo e privatismo, que dominou o mundo por dois séculos, está morrendo. Não se torna uma economia de mercado mais inclusiva sem reconstruir as instituições que a definem. O problema está em como reconstruir o mercado”, acrescentou.


 


19-01-2009 Agência Estado e Efe


Com Obama, EUA devem mudar relações com AL, acredita Lula


Presidente afirma no rádio que eleito tem visão mais democrática e pode ajudar países periféricos


 


BRASÍLIA - Na gestão Barack Obama, os Estados Unidos devem mudar sua política para os países da América Latina, espera o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele avaliou nesta segunda-feira, 19, no programa Café com o Presidente, que durante muitos anos os EUA tiveram uma política "equivocada" para a região. Mas, acredita Lula, o presidente eleito, que toma posse na terça, tem uma visão mais democrática e desenvolvimentista, o que pode ajudar os países periféricos, sobretudo da América Central e do Caribe.


 A expectativa de Lula sobre a relação Brasil-EUA é de que ela seja "aprimorada" com a posse de Obama. "Os Estados Unidos são o país mais importante do mundo, o Brasil é o país mais importante da América Latina", justificou. Lula também espera maior flexibilidade dos EUA em relação à questão ambiental. E voltou a destacar o potencial dos dois países na produção de combustíveis a partir de matrizes energéticas limpas, como o milho e a cana-de-açúcar. "Aí há um espaço de fertilidade extraordinário para que o Brasil possa aprofundar esse tema com os Estados Unidos."


O presidente reiterou não ver explicação política para a manutenção do embargo a Cuba. "É importante que isso seja desobstruído para que Cuba possa ter uma vida normal como todos os países, tendo relações com todos os outros países", disse hoje. Por isso, afirma ser importante que Obama "faça um sinal para Cuba". Para Lula, os principais desafios a serem enfrentados pelo novo presidente norte-americano são a crise financeira internacional, as negociações da Rodada Doha e os conflitos no Oriente Médio


 Lula disse acreditar que o novo momento político dos EUA é uma oportunidade para acabar com o bloqueio econômico a Cuba. "É importante que Obama faça um sinal para Cuba. É importante que o bloqueio seja desobstruído para que Cuba possa ter uma vida normal como todos os países, tendo relação com todos os países", afirmou.

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