Fiscalização interdita guindaste que causou acidente em plataforma petrolífera


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
13/02/2012



Durante a inspeção da na Plataforma Ubarana 3 - PUB-3, no dia 7 de fevereiro, a Fiscalização do Trabalho interditou o Guindaste HR GD-60m – que apresentava várias irregularidades -, e que somente poderá operar após o saneamento das pendências apontadas pela fiscalização. Um acidente com o guindaste vitimou três trabalhadores, deixando um morto, no dia 26 de dezembro de 2011.

Durante a inspeção, foram lavrados oito autos de infração. A investigação do acidente ainda está em andamento com a análise da documentação apresentada pela Petrobras.

Questionamentos sobre falhas e omissões no relatório da comissão instaurada pela Petrobras para averiguar as causas do acidente, na Plataforma Ubarana 3 (PUB-3), da Petrobras, na região de Guamará (RN), em alto mar, levou o diretor do Sindipetro-RN a decidir não assinar o referido relatório da comissão de apuração.

O acidente aconteceu durante o embarque na plataforma, quando o guindaste do transbordo, durante manobra, chocou-se com os alojamentos, provocando o balanço brusco do cesto, derrubando e matando o técnico de segurança Aldo Dias e ferindo o mecânico Francisco Wilson Vieira e o técnico de operação Pedro Leopoldo da Silveira.

O Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte – Sindipetro/RN divulgou que em 2011 aconteceram 17 mortes no Sistema Petrobras, das quais 14 com trabalhadores terceirizados. Desde 1995, pelo menos 311 trabalhadores morreram em acidentes de trabalho na empresa e apenas 60 eram trabalhadores contratados diretamente pela Petrobras. O excesso de trabalhadores terceirizados e mal treinados é uma denúncia constante de sindicatos ligados à categoria.

Mais detalhes sobre o caso na matéria abaixo.

SINDIPETRO-RN aponta falhas na apuração do acidente da PUB-3

Sindicato apóia decisão do diretor Ionaldo Morais em não assinar relatório da comissão de apuração

10 de fevereiro de 2012 às 11:02

O diretor do SINDIPETRO-RN, Ionaldo Morais, representante do Sindicato na comissão instaurada pela Petrobras para averiguar as causas do acidente em 26 de dezembro, que resultou na morte do petroleiro Aldo Dias, decidiu não assinar o relatório da referida comissão. Ionaldo Morais justificou a atitude, destacando que o documento está repleto de falhas, omissões de eventos e equívocos quanto à distribuição dos fatos que contribuíram para o acidente por relevância.



Em Nota Oficial, encaminhada na última terça-feira, 7 de janeiro, ao Gerente Geral da UO-RNCE, Luiz Ferradans, o sindicato enumera os pontos que mereciam maior atenção por parte da equipe de investigação, sustentando a atitude de nosso representante.



Ainda no documento, o sindicato questiona o fato de não terem sido entregues à esta entidade cópias do relatório, o que considerou um desrespeito.  O SINDIPETRO-RN cobra, ainda, da companhia um plano de ação efetivo para prevenir novos acidentes, além das medidas imediatas como a melhora nas condições de transbordo e operacionalização o heliponto da PUB-3.   



Lembrando o acidente com Aldo Dias



Em 26 de dezembro de 2011, na PUB-3, uma falha crônica num guindaste mecânicos de modelo HR provocou o movimento brusco do equipamento levando os três petroleiros que estavam à bordo da cestinha caírem de uma altura aproximada de 6 metros.   



O acidente vitimou fatalmente o técnico de segurança Aldo Dias, e deixou dois feridos, o mecânico Francisco Wilson Vieira e o técnico de operação Pedro Leopoldo da Silveira Neto.



Confira abaixo o documento enviado pelo SINDIPETRO-RN justificando a não assinatura do relatório pelo diretor Ionaldo Morais:



Natal/RN, 07 de janeiro de 2012.

À Petrobras UO-RNCE

Att.: Sr. Luiz Ferradans - Gerente Geral

Senhor Gerente,



Cumprimos o dever de comunicar que o representante do SINDIPETRO/RN na Comissão de Investigação do Acidente Fatal, ocorrido em 26 de dezembro de 2012, o Sr. Ionaldo Costa de Morais, NÃO irá assinar o relatório da referida Comissão, por decisão livre e consciente do mesmo, e com o apoio da diretoria do SINDIPETRO/RN pelas razões que se seguem:



01-    A Comissão de Investigação cometeu vários equívocos metodológicos durante os trabalhos de investigação, tais como: não realizou reconstituição do acidente com a presença das testemunhas e envolvidos; o único operador de guindaste ouvido foi o envolvido no acidente; a tripulação e o comandante da embarcação Penedo que testemunhou a ocorrência não foi ouvida; não foi coletada amostra do material contaminante presente nas embreagens de giro do guindaste para análise em laboratório (o que poderia determinar, de forma cientifica, a composição do material e ‘lançar luz’ sobre sua origem); não foi feito laudo técnico adequado do equipamento e de suas condições de funcionamento (prova disso foram as falhas que o equipamento voltou a apresentar); não foi levantado adequadamente histórico de falhas desse tipo de guindaste; não foi visitado ou analisado outros guindaste semelhantes etc;



02- O relatório da Comissão apresenta falhas na identificação de causas básicas. A Comissão não classificou a obsolescência do guindaste como uma das principais causas básicas, preferindo classificar apenas o mecanismo de embreagem como obsoleto e não todo o equipamento. Falhas na sistemática de Permissão para Trabalho (PT), também são apresentadas como causa básica considerando que a PT deveria prever a proteção das embreagens do guindaste quando de serviços de esmerilhamento nas proximidades, minimizando a importância de um volumoso e crônico vazamento de óleo lubrificante no equipamento e sem o qual o acidente não teria ocorrido;



03-  O relatório da Comissão apresenta supostas falhas do operador como relevantes. Se o operador do guindaste ligou o motor do equipamento com ou sem a embreagem geral engatada, essa possível falha operacional contribuiu pouco para o acidente. Já que mesmo que a embreagem geral fosse engatada, apenas depois de ligado o motor, o giro descontrolado do guindaste ocorreria, ainda que em menor velocidade. Nessa condição o tempo de reação do operador aumentaria 3 ou 6 segundos apenas. Vale salientar que o novo manual do guindaste não prever orientações de operação do equipamento;



04-  As falhas de manutenção não recebem a devida importância no relatório. O plano de manutenção existente não era realizado; as modificações feitas no equipamento aparentemente não foram adequadas; a manutenção feita no mar do Ceará, que também integra a UO-RNCE, aparentemente era melhor, mas o relatório não explica isso.



05-  Os problemas e falhas do resgate não aparecem no relatório da comissão. Porque o heliponto não estava operacional? Porque o Sr. Aldo Dias não foi desembarcado na embarcação Penedo com o uso da maca offshore? Porque não havia uma segunda cesta de transbordo em PUB-3? Porque a Marimar foi a embarcação escolhida para transporte dos acidentados? Porque não há um plano de resgate adequado? Porque não há enfermaria em Pescada? Porque faltou recursos médicos de socorro como um guia para intubação? Porque faltou monitor cardíaco? Se o acidente tivesse ocorrido em uma Caisson como seria o resgate?



06-  O relatório do acidente se limita estreitamente a ocorrência e não analisa todo o sistema de transbordo de passageiros como seria a metodologia adotada internacionalmente;



07- Cópias do relatório da Comissão não foram entregues ao SINDIPETRO/RN. A participação do SINDIPETRO/RN na comissão é desrespeitada quando uma cópia do documento da comissão que integrou não lhe é entregue.



São essas as razões pelas quais o relatório não será assinado por nosso representante.



Aproveitamos a ocasião para lembrar que a diretoria do SINDIPETRO/RN e toda a categoria petroleira potiguar e brasileira, continuam aguardando um plano de ação efetivo para prevenir novos acidentes semelhantes.



Pelo que sabemos, até o presente momento, nenhuma ação foi tomada para operacionalizar o heliponto de PUB-3, o atracadouro de lancha surfer também não foi concluído, assim como as reivindicações da categoria, já formalizadas anteriormente, não foram atendidas.



Aguardamos da empresa uma resposta para as justas reivindicações da categoria que teme a repetição de novos acidentes.



Atenciosamente,



Márcio de Azevedo Dias

Coordenador Geral do SINDIPETRO-RN

Diretoria Colegiada

10/2/2012 - Correio Braziliense

Apesar de acidente, Petrobras descarta risco maior na produção no pré-sal

Rio de Janeiro – O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, disse nesta sexta-feira (10/2) que o vazamento de petróleo na Bacia de Santos não significa que a produção na área do pré-sal represente risco maior. Segundo ele, o acidente na área de Carioca Nordeste, ocorreu durante um teste de longa duração e, portanto, antes do início da produção propriamente dita.



“Tanto esse quanto o acidente anterior, de Guará, foram acidentes inseridos numa operação especial chamada de teste de longa duração, que tem um navio e uma tubulação de produção. Mas a produção mesmo do pré-sal tem um navio bem ancorado. Temos o piloto de Lula [Campo de Lula] produzindo muito bem. A produção envolve questões técnicas muito diferentes dos testes de longa duração”, disse.



Segundo Estrella, nos dois acidentes, apesar da tubulação ter rompido e liberado petróleo no mar, não houve derramamento a partir do poço. Isso mostra que o sistema de segurança antivazamento dos poços funcionou.



De acordo com o diretor, a Petrobras contratou uma empresa de engenharia americana para avaliar o acidente e propor melhorias para o sistema de segurança da empresa. O laudo deve ficar pronto em 60 dias. A partir daí, uma nova tubulação, chamada de “riser” deve ser construída para dar prosseguimento ao teste de longa duração na Carioca Nordeste.

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