Entrevista: Vicentinho fala das vantagens da redução da jornada de trabalho


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
07/07/2009




O SINAIT divulga a entrevista do deputado e ex-sindicalista Vicente Paulo da Silva (PT/SP) à revista Dinheiro, também reproduzida pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar - DIAP, em que o deputado comenta a vitória política da Proposta de Emenda à Constituição - PEC pela redução da jornada de trabalho, de 44 para 40 horas semanais.


O texto foi aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados, com o plenário lotado por dirigentes e ativistas sindicais.


Agora, a proposta pode ir ao plenário para votação em dois turnos. Depois vai ao exame do Senado.


Leia a entrevista:


 


Dinheiro - Por que reduzir a jornada de trabalho?


Vicentinho - As vantagens são inúmeras. O trabalhador vai ter mais tempo com a família e isso reduzirá acidentes. Em geral, eles ocorrem no fim do expediente, quando o trabalhador está estressado. A medida vai gerar emprego e também melhorará as relações entre capital e trabalho. É bom para o empresário.


 


Dinheiro - O projeto está na Câmara desde 1995. Como o sr. conseguiu avançar?


Vicentinho - Graças à ação das centrais sindicais. Elas foram às ruas, arrecadaram um milhão de assinaturas pelo País afora, convenceram os deputados a retomar o debate. O movimento sindical está totalmente unido, enquanto os empresários estão divididos, porque uma parte concorda e já pratica a jornada menor.


 


Dinheiro - Muitos trabalhadores gostam de fazer hora extra para aumentar a renda. Não vão ficar frustrados?


Vicentinho - Acho que não. Trabalhador nenhum gosta de fazer hora extra. Eles só fazem porque ganham pouco e querem compensar um pouquinho. Todo trabalhador gosta de trabalhar no seu horário normal, ir para casa e ficar com sua família.


 


Dinheiro - Industriais já estão prevendo demissões. Isso pode acontecer?


Vicentinho - Eles diziam isso nos anos 80. É o mesmo discurso. As organizações patronais não representam a totalidade do empresariado, mas a parte mais sectária do empresariado. O projeto até terá um impacto nos custos, de 1,99%, mas é algo que será compensado.


 


Dinheiro - O projeto passou na comissão especial. Qual a sua expectativa agora?


Vicentinho - Como foi aprovado por unanimidade e lá tinha deputados de outros partidos, do PSDB, inclusive, vamos tentar mostrar que este projeto é bom para o Brasil, para os empresários e para os trabalhadores.


 


Dinheiro - O sr. acha que ele pode ficar engavetado?


Vicentinho - Como este projeto vai fazer 14 anos, ações protelatórias já ocorreram e podem ocorrer. Mas eu prefiro que não ocorram. A gente vai para o debate. Agora é hora de convencer, de conversar, de namorar.


 


Dinheiro - O Dieese prevê mais 2,5 milhões de vagas. O sr. concorda?


Vicentinho - O estudo do Dieese é baseado na atual estrutura produtiva e na atual produtividade. É um estudo que especula, não é algo comprovado. Que vai gerar emprego, vai. Agora se vão ser 2 milhões, 1,9 milhão ou 2,1 milhões, não se sabe.


 


Dinheiro - O sr. acha que existe espaço para flexibilização das leis trabalhistas?


Vicentinho - Flexibilização nas relações de trabalho significa redução de direitos. Enquanto a flexibilização for para reduzir direitos, nós não vamos concordar.


 


Dinheiro - Há um debate sobre a reforma previdenciária e um projeto que reduz a idade para aposentadoria. Qual é a sua posição?


Vicentinho - Eu sou contra que se mude a contagem dos últimos 11 anos para os últimos três anos para o cálculo da aposentadoria, porque isso permite que as pessoas que ganham mais fiquem a vida inteira pagando um salário mínimo e os últimos três anos pagando o máximo para receber mais depois. Isso significa que os assalariados que ganham menos vão pagar pelos outros. Eu sou autor de um projeto que assegura que os aposentados nunca mais tenham perda em seu poder aquisitivo.


 


Dinheiro - Como o sr. analisa as medidas do governo para combater a crise?


Vicentinho - No caso do setor automotivo, acho que foram muito boas. Quando presidi o Sindicato dos Metalúrgicos, eu liderei pelos trabalhadores a questão da câmara setorial, em 1992, em que o governo reduziu os impostos e as empresas reduziram o preço dos veículos e no final foi muito bom porque todo mundo ganhou e a produção aumentou. Acho que são medidas importantes que estão sendo tomadas. (Fonte: Blog O outro lado da notícia)

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