Trabalhadores avulsos com mais proteção trabalhista


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
31/08/2009



Os trabalhadores que exercem atividades avulsas de movimentação de mercadorias – carga e descarga, pesagem, ensacamento, etc – em diversos segmentos da economia, passarão a ter direitos trabalhistas respeitados dentro de 30 dias, quando entrará em vigor a Lei nº 12.023/2009, publicada no Diário Oficial da União de 28 de agosto. A contratação destes trabalhadores deverá ser intermediada pelos sindicatos dos trabalhadores e a remuneração será objeto de negociação entre as partes.


A grande maioria destes trabalhadores avulsos, mais conhecidos como “carregadores”, trabalha informalmente, sem qualquer direito trabalhista. A lei visa garantir que eles tenham a Carteira de Trabalho assinada, garantindo todos os direitos previstos pela CLT e outras leis, além de regular também o rodízio entre os trabalhadores para dar oportunidade de trabalho igual a todos.


O correto cumprimento da lei e a extensão dos benefícios ao maior número de trabalhadores depende, segundo avalia Rosa Jorge, presidente do SINAIT, da ação da Fiscalização do Trabalho e também da vigilância dos próprios trabalhadores. “São os próprios trabalhadores que serão os principais fiscais do cumprimento desta lei, que dá um grande poder aos sindicatos da categoria. A qualquer sinal de irregularidade eles devem denunciar, para garantir que realmente sejam criados mais empregos sem favorecimento de ninguém. O intuito da lei é muito bom, mas é preciso ficar bem atento para não haver desvirtuamento”.


 


Veja a notícia do MTE e a íntegra da lei:


 


28-8-2009 – Ministério do Trabalho e Emprego


Carregadores têm direitos trabalhistas garantidos 


Lei exige que sindicatos das categorias ligadas ao setor façam intermediação da mão-de-obra com garantia de cumprimento de direitos trabalhistas


 


Brasília, 28/08/2009 - Foi publicada nesta sexta-feira (28), no Diário Oficial da União, a Lei nº 12.023, de 27 de agosto de 2009, que regulamenta as atividades de movimentação de mercadorias em geral e o trabalho avulso. Em reunião com o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, sindicalistas representantes dos Sindicatos de Movimentação de Mercadorias em Geral (carregadores) de todo o Brasil falaram sobre a importância deste Lei para o trabalhador brasileiro.


Com a nova Lei, os sindicatos de cada categoria passam a fazer a intermediação obrigatória da mão-de-obra, garantindo direitos aos trabalhadores avulsos, como remuneração justa, repouso remunerado, Fundo de Garantia do Tempo de serviço (FGTS), 13º salário, férias remuneradas e adicional de trabalho noturno. Antes desta regulamentação, os trabalhadores avulsos que exerciam suas atividades na movimentação de mercadorias, não contavam com uma legislação que os amparassem e atuavam informalmente. A Lei entra em vigor 30 dias após a data de publicação.


Durante a audiência, o ministro Lupi disse que a Lei representa uma grande vitória para os trabalhadores brasileiros. "É a carta alforria para os trabalhadores deste setor, e vai contribuir para a geração de mais de 1 milhão de empregos formais no próximo ano, garantindo os direitos dos nossos trabalhadores", afirmou o ministro.


Para os representantes dos sindicatos, a Lei vai fortalecer os sindicatos e inserir os trabalhadores no mercado de trabalho formal. "Gostaríamos de agradecer, em nome dos trabalhadores de atuam na movimentação de mercadorias em geral em todo o país e que hoje têm registro. Éramos filhos sem pais. Hoje estes filhos estão devidamente registrados", disse José Lucas da Silva, representante do sindicato da categoria em Mato Grosso.


  


LEI Nº 12.023, DE 27 DE AGOSTO DE 2009


Dispõe sobre as atividades de movimentação de mercadorias em geral e sobre o trabalho avulso.


 


O Presidente da República


Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:


 


Art. 1º As atividades de movimentação de mercadorias em geral exercidas por trabalhadores avulsos, para os fins desta Lei, são aquelas desenvolvidas em áreas urbanas ou rurais sem vínculo empregatício, mediante intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para execução das atividades.


Parágrafo único. A remuneração, a definição das funções, a composição de equipes e as demais condições de trabalho serão objeto de negociação entre as entidades representativas dos trabalhadores avulsos e dos tomadores de serviços.


 


Art. 2º São atividades da movimentação de mercadorias em geral:


I - cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação da carga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empilhamento, transporte com empilhadeiras, paletização, ova e desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha em secadores e caldeiras;


II - operações de equipamentos de carga e descarga;


III - pré-limpeza e limpeza em locais necessários à viabilidade das operações ou à sua continuidade.


Parágrafo único. (VETADO)


 


Art. 3º As atividades de que trata esta Lei serão exercidas por trabalhadores com vínculo empregatício ou em regime de trabalho avulso nas empresas tomadoras do serviço.


 


Art. 4º O sindicato elaborará a escala de trabalho e as folhas de pagamento dos trabalhadores avulsos, com a indicação do tomador do serviço e dos trabalhadores que participaram da operação, devendo prestar, com relação a estes, as seguintes informações:


I - os respectivos números de registros ou cadastro no sindicato;


II - o serviço prestado e os turnos trabalhados;


III - as remunerações pagas, devidas ou creditadas a cada um dos trabalhadores, registrando-se as parcelas referentes a:


a) repouso remunerado;


b) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço;


c) 13º salário;


d) férias remuneradas mais 1/3 (um terço) constitucional;


e) adicional de trabalho noturno;


f) adicional de trabalho extraordinário.


 


Art. 5º São deveres do sindicato intermediador:


I - divulgar amplamente as escalas de trabalho dos avulsos, com a observância do rodízio entre os trabalhadores;


II - proporcionar equilíbrio na distribuição das equipes e funções, visando à remuneração em igualdade de condições de trabalho para todos e a efetiva participação dos trabalhadores não sindicalizados;


III - repassar aos respectivos beneficiários, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas úteis, contadas a partir do seu arrecadamento, os valores devidos e pagos pelos tomadores do serviço, relativos à remuneração do trabalhador avulso;


IV - exibir para os tomadores da mão de obra avulsa e para as fiscalizações competentes os documentos que comprovem o efetivo pagamento das remunerações devidas aos trabalhadores avulsos;


V - zelar pela observância das normas de segurança, higiene e saúde no trabalho;


VI - firmar Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para normatização das condições de trabalho.


§ 1º Em caso de descumprimento do disposto no inciso III deste artigo, serão responsáveis, pessoal e solidariamente, os dirigentes da entidade sindical.


§ 2º A identidade de cadastro para a escalação não será a carteira do sindicato e não assumirá nenhuma outra forma que possa dar ensejo à distinção entre trabalhadores sindicalizados e não sindicalizados para efeito de acesso ao trabalho.


 


Art. 6º São deveres do tomador de serviços:


I - pagar ao sindicato os valores devidos pelos serviços prestados ou dias trabalhados, acrescidos dos percentuais relativos a repouso remunerado, 13º salário e férias acrescidas de 1/3 (um terço), para viabilizar o pagamento do trabalhador avulso, bem como os percentuais referentes aos adicionais extraordinários e noturnos;


II - efetuar o pagamento a que se refere o inciso I, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas úteis, contadas a partir do encerramento do trabalho requisitado;


III - recolher os valores devidos ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, acrescido dos percentuais relativos ao 13º salário, férias, encargos fiscais, sociais e previdenciários, observando o prazo legal.


 


Art. 7º A liberação das parcelas referentes ao 13º salário e às férias, depositadas nas contas individuais vinculadas e o recolhimento do FGTS e dos encargos fiscais e previdenciários serão efetuados conforme regulamentação do Poder Executivo.


 


Art. 8º As empresas tomadoras do trabalho avulso respondem solidariamente pela efetiva remuneração do trabalho contratado e são responsáveis pelo recolhimento dos encargos fiscais e sociais, bem como das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social, no limite do uso que fizerem do trabalho avulso intermediado pelo sindicato.


 


Art. 9º As empresas tomadoras do trabalho avulso são responsáveis pelo fornecimento dos Equipamentos de Proteção Individual e por zelar pelo cumprimento das normas de segurança no trabalho.



Art. 10. A inobservância dos deveres estipulados nos arts. 5º e 6º sujeita os respectivos infratores à multa administrativa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) por trabalhador avulso prejudicado.


Parágrafo único. O processo de fiscalização, notificação, autuação e imposição de multas reger-se-á pelo disposto no Título VII da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.



Art. 11. Esta Lei não se aplica às relações de trabalho regidas pela Lei nº 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, e pela Lei nº 9.719, de 27 de novembro de 1998.



Art. 12. Esta Lei entra em vigor 30 (trinta) dias após sua publicação.



Brasília, 27 de agosto de 2009; 188º da Independência e 121º da República.



LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Tarso Genro


José Antonio Dias Toffoli

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