Por Nilza Murari
Faleceu em Paris, França, neste domingo, 26 de novembro, o Frei Dominicano Henri Burin des Roziers, aos 87 anos, em decorrência do agravamento de seu estado de saúde. No Brasil desde 1978, ele foi um dos pioneiros na denúncia da existência do trabalho escravo no Brasil, viveu no centro dos conflitos de terra no Pará. Voltou à França em 2013, em razão da saúde frágil. Advogado por formação, foi durante muito tempo o único defensor dos trabalhadores na região.
Junto com D. Pedro Casaldáliga e Padre Ricardo Rezende, incomodou os poderosos e recebeu várias ameaças de morte. Integrou a Comissão Pastoral da Terra e a Rede de Advogadas e Advogados Populares. Atuou como advogado em diversos casos de assassinatos de lideranças sindicais em Rio Maria (PA). Os mandantes e pistoleiros chegaram a ser julgados e condenados, mas fugiram.
O Sinait participou com Frei Henri de muitos eventos que discutiram as raízes e as soluções para a escravidão contemporânea. Em 2003, no III Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), ele participou da oficina realizada pelo Sinait em parceria com outras entidades – “Trabalho Escravo: uma chaga aberta”. Frei Henri falou no segundo momento da oficina – “Quem escraviza?”. Respondeu à questão mostrando as fotos e as características de fazendeiros escravizadores. Para ele, a escravidão só acaba quando o desenvolvimento humano for colocado à frente do econômico. Muitos foram os Auditores-Fiscais do Trabalho que integraram o Grupo Móvel que conviveram com ele.
Sobre sua vida e trajetória no Brasíl escreveu Bernadete Toneto em “Henri des Roziers” O livro está esgotado, mas pode ser encontrado na internet. Há ainda uma biografia inédita no Brasil, cuja autora é Sabine Rousseau, sob o título “Apaixonado por Justiça”.
Sobre seu falecimento veja textos de Frei Betto e Leonardo Sakamoto.
Leia, também, matéria publicada no jornal O Liberal, do Pará.