30 Jan

MT: Voluntária há 12 anos, Auditora do Trabalho ajudou a inserir mais de 600 estrangeiros no mercado de trabalho

Publicada em: 30/01/2023

Marilete Girardi trabalha há 12 anos como voluntária no Centro de Pastoral para Migrante, entidade que acolhe migrantes brasileiros, estrangeiros, indígenas e egressos do trabalho escravo

Por Sandra Carvalho, da DS/MT.
Edição: Dâmares Vaz

A Auditora-Fiscal do Trabalho Marilete Mulinari Girardi dedicou 32 anos de sua vida à carreira e, mesmo aposentada, segue prestando serviço no Centro de Pastoral para Migrante, em Cuiabá, há 12 anos como voluntária. Durante todo o período, Marilete, que foi presidente da Delegacia Sindical do SINAIT no Mato Grosso (DS/MT) por dois mandatos, encaminhou cerca de 600 estrangeiros para o mercado de trabalho. A entidade acolhe migrantes brasileiros e estrangeiros, indígenas e egressos do trabalho escravo.

“Fui nomeada no dia 13 de março de 1987 e atuei até 29 de julho de 2019, quando me aposentei. Foram 32 anos dedicados com muito amor a esse trabalho que garante ao trabalhador brasileiro todos os seus direitos”.

Marilete tem uma história longa como voluntária no Centro Pastoral para Migrante. Com a chegada dos haitianos a partir de 2011 a 2012, que vinham para trabalhar nas obras da Copa do Mundo de 2014, a demanda desses trabalhadores cresceu muito grande por não terem conhecimento da legislação trabalhista brasileira.

“Então foi firmado um termo de cooperação entre a Superintendência Regional do Trabalho e o Centro Pastoral para Migrante para que, por duas vezes por semana, eu fizesse plantão na entidade para orientar esses trabalhadores, ajudando no encaminhamento deles para o mercado, orientando, além de esclarecer muitas dúvidas, considerando que muitos tinham uma dificuldade muito grande pra entender a língua”, conta a Auditora.

Em 2018 começou um novo ciclo com a chegada dos venezuelanos, uma nova etapa de migração que também aumentou a busca por vaga de emprego e dignidade para as famílias migrantes.

“Em seguida, 2019, veio a aposentadoria e a partir daí, passei a participar como voluntária na Pastoral praticamente todos os dias. Hoje colaboro em várias atividades, principalmente na orientação trabalhista individual e coletiva, com palestras sobre direitos e deveres dos trabalhadores, lembrando sempre que os direitos deles são iguais aos de todos os trabalhadores brasileiros”, detalha a Auditora. Ela acrescenta que também contribui, como voluntária, em outras áreas da Pastoral que não são relativas a sua carreira.

Marilete acredita que tenha ajudado a inserir mais de 600 imigrantes no mercado de trabalho. Ela aponta como grandes desafios a compreensão da língua portuguesa e da cultura e o entendimento de como são as atividades laborais aqui no Brasil.

A Auditora aponta ainda que o Centro Pastoral para Migrante não tem espaço para o acolhimento de todos. A entidade é mantida pela Congregação Escalabriana e recebe ajuda da sociedade.

“Também faltam políticas públicas para atender especificamente a essa população, com vagas para trabalhadores estrangeiros qualificados. Muitos chegam com nível superior e aqui dificilmente encontram trabalho na área deles. É muito difícil para esses a adaptação a outras atividades, para que assim possam viver com dignidade e conseguir sustentar suas famílias.”

A carreira

“A Auditoria-Fiscal é minha paixão e entendo a carreira como de suma importância para a vida dos trabalhadores e da sociedade em geral, não só para levar legalidade aos locais de trabalho, mas principalmente para conferir dignidade aos trabalhadores”, contextualiza Marilete

A fiscalização, explica a Auditora, atua em todas as áreas ligadas ao mundo do trabalho, como na fiscalização do FGTS, o que resulta em desenvolvimento e melhorias sociais nas comunidades. Um exemplo disso é a possibilidade de financiamento de casas próprias com recursos do fundo. O registro formal, fiscalizado pelos Auditores, garante ainda recolhimento da Previdência Social.

“Trabalhamos também na fiscalização da legislação trabalhista e das normas de segurança e saúdo do trabalho, no combate ao trabalho escravo e infantil, na inserção de jovens na aprendizagem. Tenho muito orgulho dessa profissão que consegue garantir a melhoria de vida e levar dignidade aos trabalhadores deste país”, completa.

Marilete trabalhou por oito anos na fiscalização de empresas em todo o estado de Mato Grosso. Após esse período, assumiu inicialmente a chefia do setor de Relações do Trabalho, em que são feitas as negociações individuais e coletivas com o sindicato das categorias. Foi nomeada chefe do setor de Fiscalização do Trabalho e depois assumiu por um longo período a então Delegacia Regional do Trabalho. Mais tarde, foi por duas vezes superintendente Regional do Trabalho de Mato Grosso.